A Estrela do Amanhecer

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O submundo guarda estranhos segredos, criaturas tão antigas quanto a própria criação,seres muito selvagens, ou que meramente não agradavam os olhos dos guardiões dosprotetores da Cidade de Prata, então essas almas monstruosas tomaram abrigo no únicolugar que os aceitava, o submundo. Os olhos lhe diriam que existiam ao menos doisplanetas inteiros ali, com seres de todos os tipos escondidos em suas cavernas, com medouns dos outros. Vezes Lilith tentava deixar frutos do Jardim nas fronteiras, como umamensagem de que sua família não precisava ser temida. Já Lúcifer era mais ousado,passava horas voando pelo submundo, em algumas ocasiões retornava ferido de batalhas,em outras dizendo que fez amigos que nunca apresentava. Porém a única dúvidainexistente na mente de Lilith era de que Lúcifer gostava daquele lugar, ele amava a belezado jardim, mas tinha um estranho fascínio pela brutalidade e anormalidade do submundo. 

— Nós somos uma família? — Lilith questionou enquanto pressionava suas mãos contra opeito de Lúcifer, se debruçando lentamente e com seus seios nus pressionavam contra ocorpo do anjo, questionou mais uma vez. — O que nós somos, uma bela família vivendo noJardim do Éden, ou eu sou a amante do conquistador do submundo? 

— Eu me ajoelhei perante você, botei minha espada de lado. — Lúcifer segurou Lilith pelanuca, fez questão que estivessem olhando um nos olhos do outro quando a estocadaaconteceu, quando ela o sentiu dentro dela. — Você é minha Rainha, e quando os exércitosdo meu pai descerem pela minha cabeça, meus irmão encontraram um exército dascriaturas rejeitadas pela criador. 

— E se eu não quiser uma guerra, e se eu já tive a minha cota de filhos mortos por ódio ebrutalidade insensata? — Lilith parou de se mover, puxou seu corpo para cima e observouas asas abertas no chão. — E se eu só quiser foder com o anjo que caiu dos céus por todaa eternidade e que se dane o resto da criação? 

Lúcifer a segurou pela cintura, firme enquanto Lilith voltou a dançar no seu colo. As asasbatiam fazendo pequenos cortes nos braços de Lilith, mas ela não se importava, era só umainspiração para revidar com os tapas que dava no rosto de Lúcifer. Lilith nunca ouviu umaresposta, nem Abel e Bella que espiavam pelas frestas da tenda. Mas já haviam passadoanos, talvez meio século desde que Lúcifer havia caído e ainda nenhuma invasão. Talvez odia nunca viesse, mas se viesse talvez fosse bom que eles estivessem prontos. 

— Eu sei como lutar, ao menos eu lembro. — Abel respondeu com a espada desajeitadaem suas mãos. 

— Você sabe lutar como um homem, eu vou te ensinar a lutar como um anjo. Devia ter feitoisso anos atrás, mas sua recuperação demorou mais do que o esperado. Veja Bella porexemplo, sua lança quebra e de repente ela é uma mestra com espadas duplas. — Aospoucos havia ficado óbvio quem era a favorita de Lúcifer, e apesar de todo o sacrifício eamor que Lilith o dava, Abel também temia que sua mãe tivesse mais admiração pela suaestranha irmã. 

— Não é difícil, é que você não tem a cauda para ajudar com o equilíbrio. Você só precisaencontrar a arma certa, talvez algo que te dê mais distância do oponente. — Todo mundoconhece alguém que deveria ter tentado cantar em algum momento da vida, com vozsuave, mas estranhamente forte ao mesmo tempo. Essa era voz de Bella, genuinamentedoce e pronta para ajudar. 

— Olha pra esse lugar, o Jardim está enterrado no meio de rochas e escuridão. Por que osseus irmãos se importariam tanto ao ponto de vir até aqui para te punir? — Abel nãoconseguiu uma resposta de Lúcifer, talvez ele mesmo estivesse começando a sequestionar. Não o alívio de não ter que lutar, mas o medo da sua rebelião ter importado tãopouco aos olhos de um pai que já não o respeitava. Lúcifer jogou duas espadas para Abel efoi em direção a fronteira do Jardim. 

— Talvez nunca venha, tomara que nunca venha. Mas você não gostaria de proteger anossa casa? — Bella perguntou.

 — Mas por que mais violência, violência nos trouxe até aqui. Talvez seja melhor morrer dolutar para sobreviver com um assassino. — Bella colocou suas mãos no rosto de Abel,passando o dedão direito no seu nariz e com um sorriso no rosto perguntou. 

— Valeria a pena se eu morresse também? — Abel segurou os braços de Bella, e sentiutoda a inveja, todo o ciúme de anos fervendo dentro dele, mas junto sentiu outra coisa.Sentiu o quanto ele não queria vê-la morrer... e o quanto ela não pertencia aquele lugarcercado de escuridão e más intenções que era o submundo.

A Filha IndesejadaWhere stories live. Discover now