Capítulo Dois

223 30 7
                                    

Sr. Deschamps olhou para a mesa de jantar em que acabara de se sentar e soltou um suspiro de contentamento. Ela estava deslumbrante, com taças de cristais, talheres de prata e pratos de porcelana delicadamente pintados a mão. Cada prato era uma obra de arte própria: desenhos elaborados em cores delicadas mostravam paisagens inglesas. A decoração da mesa se completava com belíssimas arranjos de flores.

Aquilo o distraiu somente por um instante, no entanto, e logo ergueu a mão para seu bigode. A mania de enrolar o próprio bigode voltara naquela tarde, para o descontentamento da Sra. Deschamps. O homem não fazia por mal: era um hábito que guardara de seus tempos como Xerife. A mania partira quando se aposentara, dois anos antes, porém retornara ao ir buscar o filho mais velho do Conde Dubois na estação de trem.

Henry Dubois era um jovem bem vestido, usava óculos e seu chapéu era impecável. Seus olhos, entretanto, eram sombrios e frios; tinha armas presas ao redor da cintura e imediatamente dispensou a ajuda do Sr. Deschamps, preferindo seguir o caminho a pé.

Esse último fato não teria perturbado tanto o ex-Xerife se, minutos depois de descer do trem, o jovem Dubois não tivesse entrado em um decaído bar, conhecido pelos jogos de apostas que arruinavam homens.

Sr. Deschamps não havia dito uma palavra ao Conde, porém buscara informações com o atual Xerife da cidade. Não se surpreendera ao descobrir que, no mesmo trem em que Henry Dubois viera, o correio trouxera uma carta perturbadora da polícia de Paris: era um alerta para manter o olhar atento sobre o jovem Dubois, já que este era conhecido por suas dívidas de jogos e por fazer qualquer coisa para ganhar dinheiro facilmente.

Até mesmo matar alguém.

[293 palavras]

ReflexoWhere stories live. Discover now