BORBOLETAS

5.3K 242 30
                                    

Quando a vi sabia que seria muito difícil de esquece-la,com aqueles cabelos castanhos ondulados caindo sobre seus ombros,sua pele clara e macia sendo exaltada pela luz do dia,seus olhos castanhos,sua boca rosa... Tudo nessa incrível mulher me hipnotiza, me deixa inebriante sem saber o que pensa ou o que fazer.
Escutei seu nome ao longe sendo chamado por uma garota jovem que deduzir ser sua irmã. Aah que nome lindo! É como se fosse pingos de chuva batendo em minha janela enquanto bebo um chocolate quente,é incrivelmente reconfortante.

Estava um dia lindo naquele dia,céu azul com poucas nuvens e um sol ardente sobre nossas cabeças. Estou a me perguntar o que me veio a cabeça quando resolvi mudar o trajeto de minha caminhada de volta para casa. Por que quis tanto vir por um caminho mais longo?! Será que era o destino querendo me dizer algo? Pois se esse era o objetivo,conseguiu.

Confesso que ficar escondida espiando uma desconhecida seria um pouco assustador,ou muito assustador,tanto faz. Mas está sendo tão bom esse sentimento estranho e proibido que estou à sentir nesse momento. Ver uma bela mulher como aquela distraída em sua escrita em uma sombra proporcionada pela árvore onde se encontrava sentada aparentemente confortável era uma novidade em uma cidade tão movimentada como Massachusetts. Sua irmã que também era uma linda mulher ou menina não sei ao certo (até porque não estou muito interessada nela),se foi para dentro de casa depois de falar algumas coisas para a mulher que estou à admirar.
Vou criar coragem e ir falar com a tal moça bonita da árvore,mas espera...Será que estou com bafo?! Ou com a roupa descente?! Pior! Será que estou com odor?! Obviamente vou verificar isso tudo,não posso causar uma má impressão com minha futura namorada. "Namorada" isso soa tão bem na minha mente,sinto até borboletas no estômago. Chega de devaneios e vamos logo com isso,preciso ouvir a voz dessa moça, aposto que é suave e doce como um morango maduro.

Criei coragem e estou a caminhar na direção dela quando sentir um menino tocar meu ombro direito com a ponta dos dedos e me assustei.

- Achou o que estava procurando atrás da cerca de minha casa? - Ele perguntou com o tom um pouco rude.

- Estava caminhando na direção de meu tesouro perdido,por que? - Respondi no mesmo tom.

- Minha irmã? Hahaha... não perca seu tempo com ela,só vai te trazer problemas.

- Como pode falar desse jeito de sua própria irmã?

- Hora! É só olhar,aquela só tem cara de anjo.

- Eu deveria averiguar pessoalmente antes de qualquer conclusão precipitada não é mesmo?! Se me dê licença. - Continuei minha caminhada até a "imã de problemas" como seu irmão disse,não com essas palavras. Cheguei perto dela e fiquei de pé até ela notar minha presença em sua frente,o que confesso demorou um pouco. Quando notou minha presença acabou se assustando soltando seu caderno e seu lápis deixando-os cair na grama(será que sou tão desagradável de se observar assim?!),colocando a mão no peito em seguida tentando acalmar seu coração que garanto está a mil por hora.

- Me desculpa não queria te assustar. - Falei toda envergonhada.

- Não precisa pedir desculpas,eu que estava concentrada em minha escrita e não percebi você chegando. - Ela respondeu aparentemente mais calma. Eu sabia que sua voz era linda,é melhor que comer sobremesa na hora do jantar.

- Você escreve o que? Pois pelo jeito que estava concentrada no diário que não é kkk. - Falei fazendo um pouco de graça.

- Hahaha. Eu escrevo poemas e eu acho diário uma grande perca de tempo.

- Siiiim! Finalmente alguém que concorda comigo. Os seus poemas falam de romance?

- Alguns sim e outros não,normalmente escrevo o que estou vivendo naquele momento ou sentindo não tem um padrão igual a grande maioria.

- E o que a senhorita está vivendo ou sentindo nesse exato momento para está tão dedicada com sua escrita?

- Estou sentindo tudo. O ar,as folhas,a grama,árvore,insetos,resumindo a natureza,a coisa mais bela que se pode ver e sentir no planeta.

- Compriendi. - Estou sem assunto! Pensa! Pensa! Pensa!! Vou falar qualquer coisa,seja o que Deus quiser. - Eu gosto de borboletas azuis. Quer dizer, isso também faz parte da natureza e automaticamente de seu poema né?! - Isso foi tudo que eu conseguir falar?! Estou com vergonha de mim,já fui melhor nisso.

- Você me deu uma inspiração.

- Dei? - Perguntei em um tom confuso.

- Sim! Confesso que no meu desenvolvimento poético não pensei em borboletas,mas agora vou escrever um só para elas como um pedido de desculpas pelo meu descaso.

- Ótimo! - Respondi empolgada até demais. - Você podia me mostrar depois de pronto.

- Mas eu nem sei quem é você ou onde mora.

- Como pude me esquecer disso,desculpe pelos meus modos. Meu nome é.. - Um grito bem alto chamando pelo nome da moça  ressoou de dentro de sua casa nos causando um grande susto.

- Desculpa eu tenho que ir. Sinto que nos veremos em breve. - Ela falou um pouco triste por ter que entrar para dentro de casa e intuitiva na segunda frase.

- Está tudo bem,pode ir devem está precisando de você. Nos vemos por aí. - Me despedi dela com um pouco de tristeza no coração por ter que ir embora.

Chegando na pensão onde eu estava morando,fiquei pensando na moça da árvore por horas e em seu nome doce mais tão comum em nossa sociedade,mas que para mim era tão estranho.
Aquele nome não saia de minha cabeça, eu só conseguia pensar nela sentada naquela árvore escrevendo o seu poema sobre o que ninguém mais da importância, a famosa e quase inexistente natureza.

- Emily,Emily,Emily... Brevemente nos veremos de novo.

DICKINSON Where stories live. Discover now