Apague a luz

Capítulo 4 - Arranque os dentes dela

- Prazer, Dona Lúcia, qual o problema?

- Aparentemente, a Clara teve um comportamento nada adequado hoje na aula

Olhei para trás na direção de Clara, que me respondeu com um olhar envergonhado e mãos para trás

- O que ela fez?

- É que eu tava tentando copiar a matéria do quadro e ela não calava a boca! - minha irmã respondeu com revolta -

- Ainda não falei com você, pirralha - respondi -

- A professora contou que Clara virou para a colega e a mandou se calar, a colega se negou, então Clara a pegou pelos cabelos e puxou até que vários fios saírem em sua mão

- Você fez isso?

- Fiz - disse envergonhada e de cabeça baixa -

- Bom, ela estava tentando estudar não estava?

- Não é esse ponto

- Então me diz qual é

- Senhor Caio, isso é uma escola, não toleramos violência

- E toleram crianças atrapalharem seus colegas?

- Fico curiosa sobre onde a Clara aprendeu esse tipo de linguagem e comportamento

Ok, ela estava me provocando

- Não sei, mas não se preocupe, isso não vai se repetir. Agora se não se importa, tenho um compromisso ainda hoje. Vamos Clara!

Assim que pisamos pra fora da escola, me abaixei na frente da minha irmã e coloquei a mão em seu ombro

- Está bravo comigo? - perguntou ela -

- Claro que não, você fez muito bem. Mas não faça isso na escola nunca mais, não quero que você leve bronca daquela bruxa só porque quebrou os dentes de alguém

Dei uma olhada no grupo da sala que criaram, os único que não falava nada era o Caio, ele só olhava tudo. Depois de falar um pouco com o pessoal, recebi um monte de mensagens do Luís, isso é sinal de que ele estava animado com alguma coisa

Luís: É VERDADE O QUE A BIA ME DISSE?

VOCÊ TEM UM ENCONTRO COM O CAIO?

O CAIO MESMO?

o quê?

Não é nada disso

É um trabalho que a professora passou, só isso

MAS VOCÊ AINDA VAI NA CASA DELE, JÁ É UM PUTA PASSO

você acha?

Óbvio

Ok, será que o Luís tem razão, ele geralmente é a parte mais racional de nós dois

A campainha tocou, não percebi que já eram exatamente 15:32. Será que é ele? Meu Deus.....

Peguei minha mochila em cima da cama e corri até a porta, passando na frente da minha mãe que ia fazer a mesma coisa

Abri a porta, era ele, bem ali parado como um Deus grego

- O-oi Caio

- Oi - ele sorriu ao me ver, e que sorriso -

Eu devo estar ridículo

- Passou tão rápido por mim que nem vi você... Ah oi! - Veio minha mãe falando atrás de mim, logo após notou a presença de Caio -

- Boa tarde, você é a irmã do Lucas, não é isso?

Jogada de mestre, minha mãe adora parecer mais jovem

- Ora, pare com isso, sou a mãe dele - disse com uma risadinha -

- Estou surpreso por isso, prazer, me chamo Caio - eles estenderam as mãos um pro outro e apertaram -

- Prazer, me chamo Luciana. Meu filho, esse seu amigo é muito educado, convida ele pra entrar - disse me dando pequenas cotoveladas -

- Obrigado, só vim pra buscar o Lucas, vamos?

- Ah sim, vamos, claro. Já volto mãe

Quando saímos de casa, Caio colocou o braço em volta da minha cintura por um tempo e depois tirou, isso quase me fez ter um ataque do coração

Afinal, quais são as verdadeiras intenções dele?