Capítulo 5

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Aos poucos fui conhecendo mais aquela população, mas na nossa seguinte conversa, Sofia me revelou algo que me deixou em meio a um grande mistério.

Em algum momento da nossa conversa, Sofia percebeu que eu estava olhando para o céu, e disse:

- É lindo não é?

- Sim, tu tens sorte de morar aqui.

- Nem tanta, por mais que seja bonito, é muito solitário.

Naquele momento olhei para ela um pouco preocupado, e perguntei-lhe:

- As outras Inunis não brincam com você?

- Não, elas nunca saem de seus planetas, elas sempre ficam lá, apenas esperando a hora de apagar, não entendo o raciocínio delas, é estranho.

- E por que elas nunca saem de seus planetas? Elas tem medo?_perguntei já bastante curioso.

Sofia ficou pensando em alguma resposta, mas não encontrou, envés disso apenas disse:

- Não sei porque elas não saem de lá, elas também não sabem. Talvez seja mesmo por medo, como eu também tinha.

- E por que você não tem mais medo?

- Porquê uma pessoa me ensinou a não ter mais medo. Ela me ensinou que se não arriscarmos, nunca vamos achar o que procuramos.

Depois disso parou de falar e voltou a brincar com a sua boneca, deixando naquele momento, aquele grande ar de mistério.

Olhei a por um longo tempo, e fiquei me perguntando como uma menina tão pequena podia saber de tanta coisa.

Aquela menina era portanto, mais sábia que eu, que já era um adulto.

Eu, em que a última vez que me recordo ter feito algo que gosto foi quando criança. Não que eu não gostasse do meu trabalho como arquiteto, mas o meu grande sonho era ser um astronauta, e eu tinha desistido desse sonho tão fácil.

Se eu pensasse mais como Sofia, facilmente poderia ter realizado todos os meus sonhos e alcançado todos os meus objetivos. Pois tenho certeza que ela não desistiria.

Se eu pensasse mais como Sofia, teria sido mais feliz, pensei, enquanto observava as estrelas:

- É verdade que em cada uma dessas estrelas vive uma Inuni?_perguntei curioso.

- É sim.

Passei meus olhos em cada estrela daquele céu:

- Não entendo. Estou a tempos olhando para cima, mas até agora não fui capaz de ver nenhuma.

- É porque elas não deixam. Elas estão se camuflando. Elas nunca deixam que ninguém as vejam a não ser outras Inunis.

- E por que você deixa que eu te veja?

parou de brincar e olhou pra mim:

- É porque não me importo que me vejam, além disso, confio em você.

E sorriu, mas logo depois acrescentou com um tom de preocupação:

- Mas mesmo que eu não esteja me camuflando, nenhum humano normal da terra é capaz de me ver. Se você consegue, significa que você não é apenas um humano. Significa que você tem algo das estrelas dentro de você.

Gelei naquele momento. Não imaginava como que era possível ter algo dentro de mim se nunca antes tive contato com as Inunis.

Raciocinei, e me peguei preso em meio a um grande mistério.

Sofia, vendo que eu não sabia sobre aquela informação, pensou em uma solução, e logo depois se levantou e disse:

- Se quiser respostas, existe um lugar sagrado para as Inunis, um lugar onde nenhum humano jamais foi, lá você pode desvendar o mistério dentro de você.

Atiçado pela curiosidade jogada em minha mente, e vendo que tinha uma oportunidade de resolver aquele grande enigma, levantei me em segundos.

Ajustei minha coluna, pois na minha idade, ficar sentado com a coluna torta não era lá muito saudável:

- E aonde fica esse lugar sagrado?_perguntei já ansioso para conhecer um lugar novo.

Ela olhou para o céu e apontou para uma estrela que estava muito longe.

Fiz um gesto de desânimo, não conseguia imaginar como era possível chegarmos lá tão rápido:

- E como nós vamos chegar lá? Está muito longe._disse já desistindo.

Olhou para mim e disse:

- Nada está tão longe quanto parece. Para chegarmos lá nos basta um salto.

- Um salto?_Disse a mim mesmo olhando novamente aquela estrela.

Pensei por alguns segundos, e aceitei ir para o tal lugar sagrado. Quando se está curioso, poucas coisas podem ficar em seu caminho.

Ela segurou minha mão, e nos preparamos para o salto, mas antes de sairmos ela lembra de um detalhe importante:

- Acabei de me lembrar que você ainda não recebeu a graça das estrelas, portanto ainda não é capaz de enxergar as outras Inunis.

- E o que eu preciso fazer para receber essa graça?

- Me dê o seu óculos.

Tirei o meu óculos e a entreguei. Ela olhou bem para eles, e depois soltou um leve e enigmático sopro em suas lentes.

Logo depois ela me devolveu. Olhei, para ver se algo estava diferente, e depois o coloquei.

Em um instante tudo mudou. Se antes tudo já era magnífico, agora tinha se tornado perfeito. Consegui de longe, ver todas as Inunis, cada uma em seus respectivos planetas. Era tão hipnotizante.

Sofia apertou minha mão, e me perguntou se eu estava pronto. Balancei a cabeça decididamente que sim.

Então assim, nós pegamos impulso e partimos do planeta de Sofia, em direção ao lugar sagrado, em busca de respostas.

A civilização das estrelasWhere stories live. Discover now