Estávamos na sala particular da Fabiana. Sentei na cadeira com tudo, e fiquei triste com a notícia. Por mais que os dias tenham sido difíceis, seria complicado esquecer as crianças da noite para o dia e todo o vínculo que criamos no decorrer do tempo.

De repente, a porta se abriu e os cinco irmãos caíram para dentro.

— A gente não tava escutando atrás da porta — soltou Mavi, ao chão.

— A gente tava, sim, e ouvimos o suficiente pra entender que você cometeu uma loucura, mamãe — disse Shaira, aproximando-se. — Não quero ficar longe da Lucynda. Ela pode ser meio tonta, mas é muito legal com todos nós.

Se não for ofendida com o intuito de ser elogiada, não estamos falando da Shaira.

— Não se metam nisso, por favor! — pediu Fabiana. — Podem se despedir, porque a decisão foi difícil, mas creio que seja o ideal a ser feito.

Que situação complicada! Jamais pensei que fosse sentir uma angústia tão grande como essa.

— Crianças! A Fabiana sabe o que é melhor pra vocês, e como mãe, devemos respeitar a decisão dela — falei. — Se comportem, e estudem bastante.

Já preparada para ir embora, nos despedimos. Salete veio conversar comigo e se mostrou mais amiga do que nunca. Parece que com o passar dos dias, criamos um vínculo bacana também, e acredito ter aproveitado o suficiente cada momento.

Prefiro considerar esse momento como um até breve, e não como uma despedida. Há a possibilidade de nos reencontrarmos futuramente, e jamais quero dispensar essa hipótese.

Nos envolvemos em um caloroso abraço e cada irmão sentiu uma forte emoção. Confesso que quase chorei, só que seria mais complicado lidar com a situação.

Antes de entrar no elevador, observei atentamente Shaira, Mavi, Ernesto, Bernardo e Nícolas. Eles estavam segurando as lágrimas e com os olhos brilhando. Apenas apreciei o momento e acenei.

— Até mais, Lucynda — disseram todos, sincronizadamente.

Salete aproximou-se das crianças e assentiu com a cabeça, em despedida. Respirei fundo, admirei a todos que ali estavam, e lembranças de momentos bons ao lado dessa família surgiram em minha mente. Sorri como retribuição, e as portas do elevador se fecharam, dando término a um ciclo importante. Sentirei saudades, mas acredito que o certo a ser feito seria isso. Posso até me considerar responsável depois de tudo que passei, só que o mais inesperado aconteceu e resultou numa decisão um tanto quanto difícil, porém, necessária.

💛💛

Os dias se tornaram cada vez mais distantes da realidade. É meio que impossível estar em um ambiente de trabalho, criar um vínculo agradável com as pessoas e não deixar que isso afete no lado individual. Muitas vezes, eu sentia medo do que o amanhã poderia reservar, só que foi um impacto enorme receber a tal notícia por parte da Fabiana. Encarar os obstáculos do cotidiano desde então se tornou um grande desafio a ser superado.

Na semana seguinte, entrei em contato com o cara que me ligara pouco antes de eu ser demitida. Ele estava precisando de atendente na lanchonete, e decidi aproveitar a oportunidade, afinal teria que trabalhar apenas pela manhã, tendo a tarde toda livre pra poder me encontrar melhor em algo que realmente gostasse. O início foi complicado, mas acabei pegando a prática rápido.

Dona Agnes e seu Arnaldo sentiram-se mal pelo ocorrido todo, só que me apoiaram ao máximo nesse momento tão difícil. Ter os pais do lado numa situação como essa é sempre um ótimo refúgio para qualquer problema.

Confissões de uma garota que acha que a vida é uma festinha!Место, где живут истории. Откройте их для себя