Grimório I

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A sala escura parecia girar, talvez realmente estivesse. Ana sentia o sangue escorrer em sua testa e o zumbido não abandonava seus ouvidos. Sua amiga girava lentamente no meio do porão enquanto o homem de capa preta sorria de forma macabra. Ao passar a mão em sua nuca por alguma razão percebera o mal e a alta bruxaria praticada por aquele homem perverso, talvez Luana não vivesse para sair dali.

 O suor empapava as costas de Ana e a garota percebeu que era muito difícil respirar, talvez ela também não conseguisse, o peso no peito era muito pior do que quando havia conhecido Aiyra e ainda mais, não sentia qualquer boa intenção ali, e no exato momento em que tudo aquilo ficou insuportável, ela acordou.

De um pulo e sentou-se na cama, levou a mão onde havia sangue, aliás, onde deveria haver sangue, mas soube que tudo não passara de um sonho. O grimório de Teresa repousava entreaberto ao seu lado. Era sua história preferida, mas já com esta noite já se contavam cinco as em que este sonho horrível havia se repetido.

Ela fechou o grande grimório de capa de couro e duas correias com pequenas fivelas e fez um sinal em que tocava os dois ombros e afastava as mãos. Para proteger e retirar as energias ruins. A recorrência do sonho não deixava restar duvida, iria precisar acender uma vela. Abriu a primeira gaveta de sua cômoda e tocou a vela preta, mas pensou melhor por um segundo e catou a verde, era um dos sonhos reais, ela sabia que ia acontecer mais cedo ou mais tarde e um frio em sua espinha dizia ser mais cedo que imaginava. A vela verde traria esperança e equilíbrio natural, para uma bruxa, respeitar a natureza e estar em dia com ela era essencial frente a qualquer adversidade.

O despertador não demorou a tocar, só então Ana se dera conta de que havia levantado mais cedo que o necessário. Jogou o grimório em sua mochila e foi para o banheiro se arrumar, não poderia deixar de tomar um banho, afinal estava completamente suada e o calor da cidade do norte de minas não facilitava. Enquanto a água caia a garota pensava sobre tudo que tinha lido na noite passada sobre Teresa.

"O preço é alto[...]" dizia os escritos "[...]e não importa, eu vou pagá-lo, eu sou a melhor bruxa da família Nunes dos últimos 20 anos, tenho o poder necessário. Nem Aiyra discorda disso" Era sobre um feitiço para 

As Bruxas de Montes Claros - A Garota do CovenWhere stories live. Discover now