- Você parece mortal, Júpiter. – Ela diz, ainda rindo. – Coitadinho. – Ela fala, assim que as portas de metal se abrem. Caminho até sua porta, sentindo meus joelhos amolecerem pelo nervoso. Tinha certeza que isso não fazia bem para o bebê. A culpa se alastrou pelo meu peito rapidamente, me fazendo estacar no corredor.

- O que houve? – Luísa pergunta, me olhando.

- Acho que nós deveríamos ir embora. – Eu digo, fechando minhas mãos em punhos.

- Nada disso, o desgraçado precisa acordar pra vida. – Ela diz, e eu concordo.

- Você vai esperar aqui fora enquanto a gente conversa, okay? – digo e ela concorda com a cabeça.

- Só entro se alguém for morrer. – Ela brinca e eu sorrio.

- Amo você, Lu. – Eu digo.

- Amo você também, querida. – Ela diz, beijando meu rosto. – Agora vai chutar umas bundas. – conclui, se escondendo atrás da planta em sua porta e apertando a campainha rapidamente, sem nem dar tempo para eu me preparar. Olho pra ela de cara feia, mas volto minha atenção para a porta branca que me encara assustadoramente. Ouço passos vindo, e prendo minha respiração. A chave gira na porta e a maçaneta é puxada. Quando Dominic aparece em minha visão quase caio de joelhos. O amor e a saudade estremecendo meu corpo inteiro. O bastardo é lindo mesmo parecendo ter sido atropelado por um caminhão. Ele tem olheiras sob os olhos castanhos, a barba está por fazer, e o cabelo tão comprido que passa de seu maxilar. Ele abre a boca e fecha tantas vezes que me obrigo a respirar fundo e tomar uma atitude.

- Oi Dominic. – Eu falo, deixando a raiva escorrer por minha voz. – Você já terminou de ser um bastardo egoísta ou precisa de mais tempo? – pergunto e escuto um engasgo que sei ter sido de Luísa. A xingo mentalmente, mas mantenho meus olhos fuzilando os de Dominic.

- Oi. – Ele diz, simplesmente, e só o som da sua voz faz cada pelo do meu corpo se eriçar. – Entra, por favor. – Ele pede, abrindo caminho. E eu passo rapidamente, prendendo a respiração. Se que seu cheiro me desarmaria, e preciso ser forte. Eu sabia que iria perdoá-lo, mas Dominic precisava entender que abandonar um ao outro nunca poderia ser uma opção para nós dois. Eu nunca me sujeitaria a um relacionamento onde não posso me apoiar na outra pessoa em um momento difícil, independente dos traumas que ele carregasse. Não era justo comigo e não era justo com meu bebê. E foi só pensar nisso que senti meu estômago embrulhar. Dominic seria pai. Nós seríamos uma família. Impedi que meus olhos liberassem lagrimas, e engoli o nó da minha garganta. Eu precisava aguentar. Caminhei até o centro da sala e o encarei. Ele parecia querer chorar. Não me abati – talvez só um pouquinho.

- Você não respondeu a minha pergunta. – Eu digo, cortando o silêncio. Dominic se encolhe.

- Eu sinto muito, Júpiter. – Ele diz, com os olhos em qualquer canto da sala que não seja eu.

- Pelo que você sente muito? – Eu pergunto, sarcástica. – Sente muito por ter dito que nunca me deixaria? Sente muito por ter me abandonado ferida e sozinha como um cachorro que você não quer mais na casa dos meus pais? – disparo, e ele parece tomar um soco na boca do estômago com cada acusação que atiro. – Sente muito por me amar? Sente muito por ser um covarde? – eu digo, cruel. – Sente muito por me ter na sua vida?

- Sim, eu sinto muito por todas essas coisas. – Ele diz, finalmente me olhando. E pela primeira vez desde que nos conhecemos, não vejo nada além de um vazio ali. Quase me faz engasgar. A dureza de suas palavras me chicoteiam. Meus joelhos falham e tenho que me apoiar no sofá para não cair. Ele realmente acabou de...

- Você se arrependeu? – pergunto, sussurrando, sentindo meu coração se partir em um milhão de pedaços, conforme respiro. – S-se arrependeu de... nós? – questiono, o olhando. Ele abaixa a cabeça e vejo uma única lágrima cruzar seu rosto bonito, deixando um rastro molhado para trás. Imploro aos céus que ele diga que não. Que eu não estraguei sua vida. Que somos certos um por outro. Que eu ainda sou o amor da sua vida. Mas tudo o que ele faz é me olhar, como se estivesse me gravando em sua memória.

O UNIVERSO ENTRE NÓS  - COMPLETOWhere stories live. Discover now