aquele com a nova fase.

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Onde você esteve?
Você sabe se você está voltando?

Estávamos muito perto das estrelas
Nunca conheci alguém como você, alguém
Caindo tão difícil
Prefiro perder alguém do que usar alguém
Talvez seja uma bênção disfarçada
(eu vendi minha alma por você)
Eu vejo o meu reflexo em seus olhos

- The Neighbourhood


17:25
19 de fevereiro de 2024; segunda-feira
Aeroporto de Guarulhos (Cumbica)

Poliana estava sentada no banco de couro no assento do passageiro, apoiando o cotovelo na janela que estava aberta do carro de sua tia. Ouviu o barulho repentino da porta ao seu lado esquerdo se abrir, e sentiu quando o carro deu uma leve balançada assim que Luiza entrou, se sentando no lugar do motorista. A mulher mais velha, agora com alguma pele repuxada no canto dos olhos devido ao cansaço dos últimos anos, soltou um suspiro de impaciência ao largar algumas sacolas no banco de trás. Poliana observou quando a tia levou a mão direita até o pequeno compartimento que se localizava ao lado da marcha do carro e tirou uma embalagem de chicletes lá de dentro. 

— Pegue um — a tia ofereceu a embalagem, após tirar um dos chicletes de lá e enfiar rapidamente na própria boca. 

Poliana franziu a testa, segurando o plastico verde escrito ''Trident sabor menta''  que a tia havia acabado de lhe dar.

— Tia, não tem mais nada aqui. Você acabou de comer o último.

— Oh — Luiza deu uma breve encarada na embalagem vazia e abriu um sorriso sem graça. Deu a ignição no carro girando as chaves, se concentrando agora no caminho a sua frente.

— Sei que você está tão ansiosa quanto eu, mas precisa ir com calma. 

— Eu estou calma. Mas você sabe que estou organizando tudo para este dia á meses. E este dia finalmente chegou, então... Óbvio que estou calma.

Poliana esboçou um pequeno sorriso ao olhar a tia pelo canto dos olhos. Tão cansada e mesmo assim, tão ativa na vida da sobrinha. Mesmo tendo que dividir o seu tempo agora, entre Poliana e Mel. Na semana seguinte, Mel iria completar dois anos de idade. Mas Poliana não estaria ali para comemorar o aniversário da prima. A moça, agora com dezoito anos de idade, recém formada no ensino médio, estaria no Rio de Janeiro, em processo de adaptação em sua nova vida. A faculdade, de acordo com os esteriótipos formados na sociedade, é algo essencial na vida de um ser humano. Principalmente para se ingressar no mercado de trabalho. Mas Poliana D'Ávila nunca deu total importância ao dinheiro ou aos lucros financeiros no decorrer da sua vida. Seguir os passos dos pais e principalmente, fazer aquilo que trouxesse a felicidade plena, era o mais importante para ela. Nunca foi difícil de perceber o lado artístico dela, assim como não será difícil para ela executar isso em sua vida. E assim, Poliana escolheu cursar artes cênicas. 

Um rumo que foi tomado, assim como o rumo de João Barros havia sido tomado á alguns anos atrás, quando ele decidiu fazer a faculdade dos seus sonhos. Mais do que ele poderia sonhar em pedir, conseguiu um intercâmbio internacional. E novas prioridades foram estabelecidas na vida de dois jovens adultos. Junto com a maioridade, deve vir a responsabilidade e a maturidade. E com esse conceito, foi que decidiram quais rumos tomar. 

Os pensamentos de Poliana estavam vagando nesse limbo que agora existia entre ela e João, enquanto a tia estacionava o veículo no estacionamento do aeroporto. O celular dela vibrou uma vez. Vibrou duas vezes. E depois, uma terceira vez.

— As sacolas do seu lanche estão ali atrás, pegue elas enquanto vou levando suas malas lá pra dentro — Luiza dava as coordenadas, enquanto a sobrinha desatava o cinto de segurança e tirava o celular do bolso. — Precisa de quantos reais?

joliana vol.3Onde histórias criam vida. Descubra agora