Parte 1

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"I've fallen in love for the first time, and this time I know it's for real"

(Queen - I Want to Break Free.)





Moriarty sempre fez o tipo de quem dorme cedo, e não era a primeira vez em que se via olhando para o teto de sua grande instalação subterrânea. Não era a primeira vez em que se sentia sozinho, no silêncio, no escuro. Raramente abria essa porta em sua mente, quase nunca realizou o pensamento de que estava, de fato, sozinho.

Mas não podia reclamar, levava uma vida boa. Desde de que começou a ser consultor criminal, nunca lhe faltou nada, com sua inteligência e prestações de serviços, tinha tudo que quisesse, menos o que agora lhe fazia falta: alguém.

Ele achava tão irônico essa coisa de ser só. Desde sempre pensou assim, mas nunca se sentiu mal por isso. Jamais quis alguém ao seu lado, o atrapalhando, sabendo seus segredos e fraquezas. Nunca entendeu por que as pessoas normais ficavam tristes quando não havia ninguém do lado delas.

Mas só por não querer uma coisa, não significa que não precise dela, e nessa noite, Moriarty começava a se questionar sobre isso. Depois de quase uma vida se afastando e só vendo pessoas como objetos seus, ele finalmente percebeu que almejava a companhia de outro ser humano. Vivo, de preferência.

E por acaso, bem naquela noite, ele havia encontrado uma pessoa. Um gênio.

Em um encontro revelador na piscina, ele foi atrevido e assustou o pobre garoto, pôs uma bomba falsa amarrada ao peito do melhor amigo de seu alvo.

- Ah... Sherlock Holmes. - Suspirou, percebendo o doce som que saía de sua boca.

Estava mexendo com O Holmes Mais Novo, isso seria divertido.

Mexendo com um detetive consultor que tem um blog. Patético.

Um anti-social, sociopata, um pensador intenso e incompreendido, um louco, exatamente como ele.

Só que Sherlock é um louco civilizado. E ele não.

Assim que Moriarty o viu do outro lado da piscina, sentiu lá no fundo, que olhava para a superfície de um espelho. Esse pensamento o animou de tantas maneiras, e pelo que viu, ele animou Sherlock também, lembrar disso faz seu rosto queimar em ansiedade.

É mais do que óbvio que ele não iria matar John, não o melhor amigo de seu maior alvo, seria broxante, assim logo de cara. Mas tinha de admitir, a expressão de medo em Sherlock estava boa de se apreciar, e apesar dele estar escondendo, era evidente para Moriarty. Ele sabia como o detetive borbulhava por dentro em excitação e ao mesmo tempo em dúvidas. Sim. Por mais incrível que seja, a mente de Sherlock nublou na presença de Moriarty. E o criminoso captou isso rapidamente.

"Eu vou te queimar. Queimar seu coração."

"Eu soube por fontes confiáveis que eu não tenho um."

"Nós dois sabemos que isso não é verdade."

Ele nunca havia aparecido para um adversário antes, não pessoalmente. Foi preciso ele sair de sua zona de conforto e ir pedir gentilmente para aquele poste ambulante parar de se intrometer em seus negócios. Com certeza esse valia a pena.

A primeira impressão que teve de Sherlock foi intimidante, não pôde negar. Um homem forte e bonito, com os olhos claros sempre em alerta que não desviaram de Moriarty um segundo sequer, era de se notar. Seus cabelos lhe davam a juventude e vigor que provava ter em sua personalidade. A postura perfeita e a escolha de palavras o tirava o ar.

Pride - SheriartyOnde as histórias ganham vida. Descobre agora