Busquei um dos hijab*² mais sérios que eu tinha de cor preta acompanhando roupas do mesmo tipo com leves e sutis toques de branco na seriedade, mas ainda mantendo-me nesse aspecto. Estava ótimo, conclui. Se fosse necessário usar um niqab*³ na frente do príncipe, eu faria. Me julgassem! Mas eu estava apavorada depois do meu primeiro beijo!

Não demorei para descer e ir até a sala de estar onde Agnes costumeiramente recebia as pessoas. Ali encontrei minha amiga incomodada com o homem a sua frente mexendo as mãos impacientemente. Ela não fazia questão de esconder que olhava toda hora para o relógio enquanto resmungava porque Seth estava demorando tanto para comprar uma torta de morango, como ela lhe pedira.

Também percebi que Al estava ali, provavelmente para se certificar de que não haveria nenhum mal entendido. Franzi o cenho e ignorei o príncipe. Não queria trocar olhares com ele até o momento que fosse necessário. Eu precisava honrar os ensinamentos que minha mãe havia me deixado.

― Me chamou, Srta. Agnes? ― Perguntei.

Se Agnes percebia a forma como eu estava incomodada, ela não demonstrava, já que ela apenas suspirou antes de tomar sua atenção de mim para Karim.

― O príncipe Karim pediu para que eu te chamasse. Ele estava preocupado com nós duas. ― Informou. O silêncio pairou no ambiente. Se havia alguma coisa que precisava ser dita, ela demorou para ser falada e foi Karim que tomou a palavra:

― Na verdade, aproveitando que vocês duas estavam aqui, eu vim pedir desculpas. Fui um péssimo anfitrião, deveria imaginar que a mansão estaria quente demais e poderia provocar enxaquecas nas damas. ― Começou. Minha atenção voltou-se completamente para ele. Não sei porque fiquei a pensar que a mansão quente demais parecia ter um duplo sentido bem significativo, mas me limitei a ficar em silêncio, porque não sabia o que o príncipe estava fazendo. ― E como pedido de desculpas, eu vim convidar a família Abdul e a Srta. Karen para estarem presentes num almoço que realizarei no interior, na Mansão dos Hila, onde fica o meu Aras. ― Sem conseguir esconder minhas emoções, acabei arregalando os olhos, surpresa.

Porque ele estava me convidando para isso? Teria realmente ficado tão incomodado pelo que tinha me feito? Isso era bom, queria dizer que ele sabia do erro que havia cometido. Por sua vez, eu não queria o ver nem pintado de ouro, porque me lembraria da dupla vida que ele levava e o quanto isso me enojava. Não que eu devesse me importar. Na verdade, sim, pois se ele for realmente muçulmano, está desgastando a visão da minha religião.

― Almoço? ― Agnes parecia tão surpresa como eu.

― Não se preocupe. Estou comunicando as duas, mas falarei com Seth assim que eu sair daqui. É só porque queria poder me despedir face a face com vocês por não ter sido um bom anfitrião. De qualquer forma, espero que vocês apareçam. Prometo ser um anfitrião melhor. ― Ele disse entre risadas.

Eu e Agnes estávamos perplexas demais para esboçar qualquer resposta, mas Karim pareceu interpretar nossa resposta como um sim, já que ele abriu um largo sorriso se despedindo de nós e prometendo falar com Seth naquele mesmo dia. Agnes só acordou do susto quando ouviu alguns empregados recepcionando o príncipe para fora, o que a fez me encarar no mesmo segundo.

Imediatamente, senti minhas bochechas corarem enquanto Agnes vasculhava o meu rosto em busca de respostas. Quando ela suspirou, eu sabia que devia contar a verdade da noite anterior para Agnes. Quem sabe assim ela pudesse me ajudar.

― Você quer falar? ― Ela me perguntou. Olhei para Al parado num canto. Não que eu não confiasse na sua figura, sabia que ele não contaria nada para ninguém, mas a questão ali era ter um homem ouvindo que eu tinha deixado outro homem me agarrar. Isso sim me corroeria por dentro. Já bastava Deus ouvindo minhas orações desesperadas para que me perdoasse e perdoasse o homem que não cumpria direito suas leis.

O Príncipe do OrienteDonde viven las historias. Descúbrelo ahora