Prólogo - Quando isso irá acabar? (Adam Terre)

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'Porque tantos soldados?' Pensei ainda zonzo de sono antes do ônibus chacoalhar pela segunda vez e me fazer bater a cabeça na janela, a primeira o motivo de me ter despertado. Minha audição e visão estavam ainda borrados, mesmo que o sentimento de dor e o cheiro de ferro e suor fossem tão nítidos. Levei a mão a cabeça e foi quando percebi algo como um capacete. Eu também estava vestido como soldado diferindo dos outros apenas por uma bandana com uma cruz vermelha ao redor do meu braço. Senti meu rosto coberto de areia e suor enquanto meus sentidos lentamente voltavam ao normal. Olhei para trás e percebi poucos homens, todos fardados, até que o ônibus chacoalhou pela terceira vez. 'Em que ano eu estou?' me entretia com meus pensamentos sobre o meu paradeiro até ouvir o andar forte vindo do corredor estreito. Aquela presença notória e sagacidade que eu conhecia de anos parou em frente a minha fileira de cadeiras e por um momento eu pude sentir alívio. 'Graças a Deus, não estou só!'

— Homens, temos um sobrevivente aqui! Alguém chame o médico! — Minha sensação de alívio era crescente a medida que eu ia o identificando, mas aquelas palavras me deixaram confuso, um sobrevivente? — Ah, ele é o médico, pessoal! Como o médico pode dormir tão tranquilamente depois de tudo o que aconteceu e ainda com soldados feridos?

— Ah, Thierri, seu cretino, onde você estava? — Era o meu amigo de mais longa data, o tipo de pessoa que chama sempre atenção, dono de um bom humor e piadas incessantes.

— Onde eu estava? Estava entretendo os garotos enquanto você estava em processo de hibernação. Também, é a única coisa possível de ser feita depois do fiasco que foi essa guerra. — Estava atento ao que ele dizia, e percebi a hesitação que lhe tomou a última frase enquanto olhava os outros homens. Sabia que podia tirar as informações que precisasse sem ele nem perceber.— Mas enfim, sabe o quanto minhas costas foram lesionadas de te carregar todo o caminho até aqui? Você vai ter que cuidar delas depois.

— Nós perdemos... — Comentei quase que inaudível tentando puxar na memórias as guerras em que a França era derrotada. Precisava colocar as peças no lugar e me situar.

— Sim, nós perdemos. Sinceramente, o que há com esse governo? Eles querem nos deixar mal na História? Nós perdemos duas vezes e ainda para a França e a Inglaterra. Achei que eles fossem inimigos apesar de tudo.

— Onde nós estamos Thierri? — Perguntei um pouco perplexo, duas guerras perdidas para França e tudo que conseguia ver ao redor era mata e destruição.

— Bem, acho que em alguns minutos podemos finalmente chegar ao que restou de Florença. — Soltei um longo suspiro enquanto Thierri encostava-se no banco, olhando para estrada. Já havia estado em muito países, mas Itália era a primeira vez. — Talvez as ruas estejam mais brandas, depois que finalmente os nazistas se renderam. — Mais uma informação bônus saia do Thierri, não acredito que lutei em prol de nazistas. — Mas, nada disso é mais importante agora do que estarmos vivos. Ah, do que eu estar vivo, afinal eu que estava em frente de batalha! Wow você tem sorte de ter se formado em medicina, sabia?. — Falou em tom sarcástico.

— Hey! Eu poderia ter sido atingido enquanto resgatava feridos ou com os centros médicos sendo invadidos! Sabe quantos centros médicos foram invadidos durante a guerra? — Eu também não tinha noção, além do que lia em livros de história sobre, mas aquilo entreteria ele e era o que importava para mim. Imediatamente me vieram pensamentos de como também a higiene deveria ser terrível, mas fui salvo deles devido a risada do meu amigo.

— Ai ai... Temos que comemorar!

— A gente perdeu e você quer comemorar?

— É amigo, a Itália pode ter perdido, mas eu não perdi a vida e meu melhor amigo está são e salvo, é o que importa. Que tal uma cerveja quando chegarmos? — Ele me olhou, e ambos sorrimos com a situação, então concordei com a cabeça. Seria bom para acalmar a mente.

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