Capítulo 9

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O presente de Collette


Mon Cher Journal,

Collette e Jean partiram ontem de manhã e ainda estou meio tonta com todas as coisas que aprendi em sua estadia.

Naquele segundo dia, depois de testemunhá-los fazendo amor, fui para o café da manhã de língua atada pela timidez. Minha timidez e reticência desapareceram quando percebi que eles não tinham a menor ideia de que eu estivera lá em seu quarto e acabamos passando dias maravilhosos juntos.

Collette me disse que Jean a levara para o Egito durante a lua de mel e o relato que ela fez da cidade do Cairo, dos túmulos subterrâneos, da forma e ornamentação dos sarcófagos, das caixas das múmias e das próprias múmias era fantástico e me deixou sonhando em ir até lá um dia com o Joseph. Eu tenho que escrever tudo para não me esquecer de todos os detalhes, mas isso é para outra hora.

Todas as tardes, depois do chá, Jean ia à biblioteca como meio de diversão e eu e Collette nos retirávamos para o quarto dela para minhas aulas.

Das suas roupas e acessórios até as suas poses, atitudes e expressões, Collette é muito coquete. Eu posso dizer que ela dominou o assunto femininité com perfeição. Juntas, escrevemos para suas costureiras parisienses e londrinas e pedimos algumas peças novas para o meu guarda-roupa, como calcinhas rendadas e sutiãs, negligées e camisolas. Ela até me deu uma de suas camisolinhas transparentes, de presente. Eu pensei que nunca teria coragem de usá-la, mas... Estou me adiantando.

Depois que ela me ajudou com as minhas roupas, ela começou a me ensinar sobre sedução e nós ensaiamos alguns movimentos. Mas, infelizmente, não consigo me imaginar fazendo beicinho e murmurando palavras doces para o barão. Acho que quero ser seduzida.

De qualquer forma, prestei muita atenção aos conselhos.

— É bom fazer sexo em posições diferentes, Chloé — disse Collette. — Nós fazemos de lado, ajoelhados, e até mesmo... Por trás.

— Por trás? Como? — perguntei, tentando imaginar tal posição.

Ela me disse que era uma de suas posições preferidas e, enquanto eu observava de boca aberta, Collette subiu na cama, engatinhou até o meio, posicionou-se em suas mãos e joelhos e me explicou como fazer. Ela exaltou os méritos da variedade, embora tenha dito que a posição papai-e-mamãe – um termo técnico (!) que aprendi entre muitos outros – também era boa.

— Traga-me uma cenoura para nossa próxima lição — ela ordenou. E no dia seguinte, ela me mostrou como fazer uma francesinha ou um boquete em um membro masculino pau e me fez praticar muitas vezes, empurrando a cenoura grande e larga mais e mais na minha boca até que eu estava... Recheada com ela. Eu engasguei, mas ela me disse para insistir e aprender, dizendo que agradaria muito ao meu marido se eu fizesse isso com ele.

Eu também aprendi que um homem poderia fazer o mesmo por uma mulher. Collette me garantiu que Jean adorava fazer francesinha nela.

Devo confessar que me esgueirei de novo em sua última noite aqui. As janelas não estavam abertas e eu tive que ficar do lado de fora do quarto deles na noite gelada, mas através das cortinas, pude vê-los, com Collette em cima de Jean. Logo eu não estava sentindo frio nenhum, me tocando e movendo meus quadris como Collette fazia e consegui um orgasmo ainda melhor do que quando com Joseph.

Mas a coisa mais emocionante que aconteceu nos últimos dias não aconteceu quando ela esteve aqui, mas quando ela foi embora.

Veja você, Jean levou alguns livros para seu quarto para ler à noite e quando eu fui colocá-los de volta e vasculhei um pouco as prateleiras bem abastecidas da biblioteca da mansão, encontrei um livro em francês que atraiu minha atenção. Eu retirei-o do meio dos seus companheiros e, apenas por sua capa, pude imediatamente ver que era scandaleux!

Dando risadinhas, eu folheei as páginas. Algumas ainda estavam sem cortar, mas os títulos dos capítulos no índice alimentaram meu interesse.

Como aquilo foi parar na biblioteca do meu marido... Hmm... Puritano e de espírito cavalheiresco, acho que nunca vou saber. Certamente foi devido a algum acidente e, sem dúvida, ele nunca suspeitou da presença dessa obra-prima da literatura erótica em sua coleção respeitável e pudica.

Reunindo toda a minha coragem e esperando que Joseph nunca soubesse que eu havia roubado pego emprestado aquele livro, escondi o volume entre outros dois e o levei para a minha sala de estar para lê-lo longe dos olhares indiscretos da minha sogra.

Eu cortei as páginas com um canivete e oh! Descobri que era ilustrado com uma série de gravuras toscas mostrando várias posições sexuais diferentes.

Eu não tinha, até agora, colocado as mãos em qualquer livro de pornografia daquela natureza.

A história gira em torno de uma mulher por quem um homem está apaixonado, mas ela é muito ingênua e jovem e ele teme assustá-la com seus avanços. Ele convence uma amiga mútua e muito experiente a explicar à jovem seus sentimentos e também para despertar seu desejo e ensinar-lhe algumas coisas.

Uma infinidade de tópicos, incluindo genitália masculina e feminina – paus e bucetas – e relação sexual – ou melhor, foda – são discutidos. Então as coisas ficam gráficas à medida que o enredo se move para o eficaz defloramento da dita jovem e suas experiências sexuais com seu amante.

Ela se envolve em muitas situações eróticas tão vividamente contadas que eu logo estava excitada. Antes de ler o próximo capítulo, fechei a porta, procurei o isolamento do meu quarto e deitei na cama para continuar lendo a história com conforto. Logo, eu estava segurando o livro em uma mão e me masturbando com a outra.

A necessidade de receber as amigas de minha sogra para a reunião diária delas me interrompeu antes que eu pudesse terminar a história e eu escondi o livro debaixo do colchão. Apliquei água fria no meu rosto aquecido, colei um sorriso nos lábios e, como a dama da mansão que sou, servi chá para as viúvas e escutei a sua tagarelice, até não aguentar mais. Suplicando uma dor de cabeça como desculpa, voltei para o meu quarto.

Antes de me juntar ao meu marido para jantar – Joseph chegou esta noite – eu já tinha lido o livro de capa a capa. E, incidentalmente, eu havia me masturbado três vezes. No entanto, essa orgia de masturbação, em vez de acalmar meus nervos, parecia ter exatamente o efeito oposto, e isso me fez decidir que iria resolver meu problema com meu marido assim que ele entrasse no meu quarto. Menos conversa e mais ação. Eu pensei que talvez fosse isso que o barão estava esperando de mim.

Depois que Martha me preparou para a noite, eu troquei de roupa, vestindo o presente de Collette e, em vez de esperar por Joseph na cama, deitei-me languidamente no divã, imitando uma das poses de Collette, esperando uma noite amorosa.

Os olhos de Joseph quase pularam para fora quando ele me viu. Gaguejando e cuspindo, ele disse que eu parecia uma mulher vulgar e ordinária, mandou-me me vestir adequadamente e voltar para a sala de estar.

Eu queria desaparecer do mundo, mas obedeci. Ele então continuou me ensinando sobre respeitabilidade. Ele estava tão envergonhado com a minha sedução abortada que ele voltou para o seu quarto sem cumprir suas obrigações conjugais!!

Bah! Lá se vão minhas esperanças em usar as lições de Collette para melhorar minha vida sexual.

Eu estou condenada com uma vida de fodas entediantes!

É foda!

Foda!

Foda para procriação.

Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda. Foda.

Foda.

Foda.

Foda.

Foda.

Foda.

Foda.

Foda.

Foda.

Foda.

Cento e uma fodas!

Do Diário da Baronesa 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora