Único; flores.

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Kakyoin,

É que eu ainda ouço a tua voz dentro do meu quarto, sinto o seu cheiro pelos corredores da casa e te vejo caminhar dentre os arbustos do jardim.

E é difícil como ter de suportar o peso de todas as palavras de amor que um dia eu te diria, mas não disse. Ou como saber que nunca mais vou te ouvir cantarolar aquela canção da Mariya Takeuchi ou cobrar por cerejas nessa casa. Eu detesto cerejas. E detesto mais ainda não haver cerejas por perto.


Kakyoin,

Tão egoísta.

Foi embora e deixou o mundo inteiro sem a beleza de uma primavera, porque levou no bolso todas as flores embora.

E o céu chorou. Prometi ser sol, mas eu também sou cinza.

Todos os dias o cara do tempo anuncia uma tempestade, porque até ele sabe que não vale à pena andar por aí sem você.

Tenho pena do mundo por não tê-lo.


Você, Kakyoin.

Tinha de ser você.

As flores tinham que ser de cerejeira, assim como os sorrisos nos fins de tarde precisavam ser seus. Tinha de ser você. Porque eu te aguardava como quem aguarda a primavera ou o programa favorito passar na tv.

Um dia, disseram-me que se eu te escrevesse uma carta e a queimasse, tudo desapareceria. E eu até pensei em fazer tornar cinza tudo o que fizemos, mas algo aqui dentro me impede.

Talvez porque você não mereça ter fim.

Talvez porque parte de mim crê que um dia você vai voltar, trazendo consigo todas as flores do mundo e os sorrisos de fim de tarde.


Ah, e as malditas cerejas.

FloresWhere stories live. Discover now