O match

56 1 0
                                    

Minha família havia alugado uma casa no litoral para passar as festas de fim de ano e assim que chegamos lá e desfizemos as malas fui ao quintal para sentir a brisa daquele final de tarde. Chegando lá, encontrei minha irmã já limpando a piscina e ao conversarmos sobre alguns afazeres, olhei para casa ao lado e avistei debruçado na varanda, um guri que olhava fixamente para gente e desviou o olhar com timidez assim que eu o encarei de volta. Depois da janta, aproveitei que estávamos de frente à praia e fui caminhar um pouco, já conhecia aquela praia desde criança e sabia o quão deliciosa ela era, caminhei por alguns minutos e ao voltar, quase entrando em casa fui recepcionado por um cachorrinho que abanava o rabinho e pulava me pedindo colo, o peguei e como se eu o conhecesse há tempos, ganhei altas lambidas no rosto, fiquei feliz, pois sei que é uma maneira dos pets expressarem seu carinho pelas pessoas e descobri que o nome dele era Pacato, pois o dono estava gritando por ele e saiu lá de dentro, com aquele desespero que só os donos de pets sabem, acenei para ele e ele veio em minha direção buscar o filho perdido e agradeceu:

- Muito obrigado, ele fica todo ouriçado quando viaja, prazer, Leandro.

- Prazer, Guilherme! Ele tá animadinho. Respondi.

- Ele gostou de você, coisa rara. Ele complementou.

- Eu tenho um poodle que não veio, por que não se adapta.

- São mais agitados mesmo, mas valeu mesmo por ter cuidado dele, mais tarde se estiver de boa, podemos dar outra volta, tá afim?

- Opa, claro! Só chamar. Falou!

- Falou!

Entrei e o pessoal estava jogando sinuca e fazendo churrasco, me entrosei fácil e joguei com eles um pouco, já eram quase meia noite e fui até a parte da frente, avistei Leandro que acenou me chamando e pelo vão do portão ele me chamou para dar uma volta com ele, fui na mesma hora e seguimos conversando.

- Você fuma? Perguntou ele oferecendo um cigarro.

- Não, mas de boa, as vezes dou uns pegas.

Seguimos conversando e descobrimos que gostávamos quase das mesmas coisas, estávamos com a família, mas ambos, levemente isolados e um via no outro uma possibilidade de parceria naquele fim de ano de festas.

- Já estou um pouco chapado, disse Leandro.

- Eu cuido de você qualquer coisa, relaxa! Respondi inocentemente.

Ele se virou e naquele breu, apenas iluminado pela Lua, me olhou com aqueles olhos azuis que estavam um pouco vermelhos e disse:

- Cuida mesmo?

E antes que eu pudesse responder algo, ele me puxou e me beijou. O beijo foi retribuído, com gosto de erva fresca e drops, começamos a ficar nesse dia e durante toda a temporada não nos desgrudamos mais. Depois do primeiro passo dado, conversamos sobre namorados, experiências anteriores e sobre o fato das nossas famílias não saberem da gente, decidimos ali que manteríamos segredo, mas aproveitaríamos ao máximo aqueles dias. Nos beijamos por mais um tempinho, nos pegamos um pouco e voltamos para casa como bons amigos.

Leandro e GuilhermeWhere stories live. Discover now