Livres ao vento I

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As flores e a Galaxia.

Vi florescer uma vez mais 
Onde a terra fora salgada 
Uma flor de Esperança 
Que pelos sonhos foi cuidada

E a tempestade Turva de outrora 
Deu lugar ao sol outonal na alvorada
Onde tudo que é frio se esquenta 
E todo o mármore se estilhaça!

De sua solitária companhia 
Completou-se consigo mesmo
Aceitou sua alma cansada 
E fez dela sua casa!

Agora caminha de mãos dadas com o passado
Não almejando mais o futuro
Procurando seus sonhos perdidos 
E admirando as estrelas de sua própria galaxia 

- 19/11/2019

Nua

Quero ver-te nua
Nua como nenhum outro já viu
Despida das vestes preta e azul
Liberta de cada grilhão que te pesa

Verdadeiramente nua
Nua das máscaras e fantasias
Que a vida te obrigou a vestir
Nua de tal maneira
Que a lua invejaria tua beleza

Quero ver-te despida, livre

Nua entre as árvores, com o sol transpassando as copas
Nua diante o mar, com as águas lavando tua vida
Nua sobre as estrelas, com o infinito como plateia

Verdadeiramente nua
Completamente despida 


Menos Vivo

Eu nunca me vi tão menos vivo
Quanto hoje me vejo,
Passei a cultivar desamor no jardim
Onde já houve uma floresta de desejo

Para onde foram os versos, me pergunto,
Quem matou aquelas histórias? Eu, você, a vida?

Sobraram restos de memórias
Que carregam tridentes e tochas
Nas galerias do meu espírito.


Fera Anciã 

A fera anciã 
Que vive na alma dos homens
Transborda nas noites de Lua
Com fome e anseio 
de seu próprio sangue!

Busca desejosa de delírio
Blasfêmia dita como reza,
Se queres sentir a realidade 
Corta o vínculo com tua alma
Abra teus olhos cegos!

Besta maléfica de desejos imundos
Abraça tua carne!
Beija o rosto febril de teus demônios 
Constrói teu santuário sórdido 
Que honra os deuses falsos!

Canta com voz rouca 
Teus sonetos cansados 
Mas não esqueça jamais,
Quem tu fostes no passado!


Galerias Profanas 

Nas galerias do meu espírito 
Ouvi os sussurros do meu passado
"Venha meu filho, da-me tua vontade!"

E saíram das tumbam imemoráveis
Meus demônios armados com verdades
"Tu sois pior que nós!
Tu sois o arquidêmonio!
Tu sois tua própria desgraça!"

Seus olhos tinham espelhos
E sua mãos brandiam tochas,
"Veja o que tu se tornou,
Nós somos tua face!  
Nós somos tua história!"

E eles mancavam até meu espirito 
"Sinta nossa dor!
Tu sois o culpado!
Sinta nossa fúria,
Nos que pagamos teus pecados!"

Senti as lágrimas descendo de meu rosto 
Quando abri os braços e o coração 
Para poder abraça-los.

Sonhos LibertosWhere stories live. Discover now