365 cartas para Marte - [Jikook]

CAPÍTULO 01- REENCONTRO

"Me sinto tolo por escrever cartas que jamais irei mandar, essa é apenas a segunda e ja me arrependo, não por escrever, mais por nunca conseguir ver você, saber de você, por não ter tido forças o suficiente para lutar por nós, contudo estar longe me machuca, não consigo pensar direito, preciso de remédios novamente e terapia, so gostaria de saber como você esta."

CASA DO JIMIN 

24 de Fevereiro de 2021 - INVERNO

JIMIN

Sempre associei dias de chuvas quando necessitava tomar uma decisão importante como um bom sinal, mas quando você junta isso com acordar antes do despertador com toda certeza se torna contraditório ja que quando isso acontece é um sinal que você nem deveria ter levantado da cama, não tem como esperar algo bom ou ruim deste dia, talvez um misto dos dois? não sei dizer ao certo, o universo escolhe me castigar cada vez de uma forma diferente.

Nara havia preparado uma bela mesa de café da manhã como sempre, acho que jamais encontraria alguém como ela na minha vida, desde o fim do meu relacionamento a dois anos atrás ela é a única pessoa pessoa que percebe que estou mal mas não pergunta, apenas faz algo delicioso para que eu possa comer, uma forma singela de me confortar e ainda sim me manter saldável.

-Bom dia querido, dormiu bem? - sua voz soava convidativa como sempre, tão carinhosa como a de uma avó ao ver o neto após muito tempo.

-Bom dia Nara, estou bem e você? -Ofereci o melhor sorriso que conseguia no momento, vendo que a convenceu quando assentiu com a cabeça, puxei a cadeira para ela sentar comigo na mesa e mesmo um pouco receosa ela aceitou com um sorriso no rosto.

-Fiz torta de morango, sua favorita.- anunciou enquanto cortava um pedaço da torta e colocava em meu prato. - Precisa se alimentar melhor, você perdeu peso nos últimos dias.

-Muito Obrigada.- foi tudo o que consegui dizer, ela não estava errada, nos últimos dias passei mais tempo trancado no escritório do que comendo algo.

Levei um pedaço ate meus lábios sentido o gosto de infância tomar conta do meu paladar, fechei os olhos para apreciar cada sentimento que aquela torta me trazia, quando abri os olhos pude ver o sorriso em seu rosto.

Era difícil explicar como aquela senhora era especial para mim, desde pequeno ela cuidou de mim como se fosse um de seus filhos, era reconfortante saber que ela estava ali por mim quando meus próprios pais não estavam.

Tomar café da manhã todos os dias com ela se tornou um costume bom, um rotina da qual desejava nunca sair, foi graças a ela que consegui lidar com a solidão que a ausência dele me causava. Quando decidi sair de casa e morar sozinho Nara não pensou duas vezes antes de ir comigo, mesmo ja estando com a idade um tanto avançada ela queria continuar cuidando de mim e como um belo egoísta que sou aceitei sem pensar duas vezes.

Após terminar de comer ajudei ela a retirar as coisas da mesa enquanto ela reclamava que não precisava que La El iria ajuda-la, mas conhecendo bem sua ajudante ela ainda não havia chegado e no fim Nara iria fazer tudo sozinha, mesmo sendo um tanto estabanada La El era uma boa menina e dava seu melhor para ajudar a senhora que insistia em continuar trabalhando mesmo quando ja poderia se aposentar e viver de forma simples.

No caminho para a editora o sol decidiu aparecer me lembrando mais uma vez de que esse dia tinha tudo para dar errado, confiar na teoria de acordar antes do despertador era de certa forma reconfortante, poderia me preparar para o pior. Ja faz dois anos e meio desde a ultima vez que escrevi algo, consegui me manter graças aos manuscritos acumulados em meu escritório que fizeram sucesso enquanto eu mesmo não conseguia escrever sequer um parágrafo.