Salva por quem?

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Abro os olhos lentamente, sinto meu corpo muito dolorido...Vejo um quarto totalmente branco,penso onde estou...o que está acontecendo?

Ouço uma voz conhecida tagarelando ao meu lado, a outra não me é estranha mas não lembro de quem é :

-Amor, ela não acorda, tô tão preocupada

-Fica calma Felicia, o médico disse que a cirurgia deu certo e que ela demoraria a acordar por causa da anestesia.

-Ainda bem que os pais dela estão chegando, não aguento mais ficar aqui, odeio hospitais, só porque ela é minha melhor amiga!

Gemo de dor e Felicia minha melhor amiga ouve e se vira rapidamente em minha direção, seus olhos se enchem de lágrimas:

-Natiiiiii, que alegria, você acordou finalmente?Tá com dor?Tá com sede?Tá com fome?Quer um carinho?Quer...

-Feliz, calma, deixa ela respirar!-fala uma voz que está atrás dela e também vem em minha direção.

-Água..-consigo dizer.

Então, alguém se aproxima de mim até que  consigo abrir novamente os olhos e vejo ele...Um arrepio passa por todo meu corpo ao olhar aquele mar azul profundo dos olhos.

-Vou levantar um pouco a cama, apra que  você consiga beber a água-fala com voz rouca e cara preocupada.

-Só consigo assentir com a cabeça-estou vidrada.

Minha amiga pula nos pés da cama e fala que meus pais estão chegando e que vai ficar tudo bem.

É aí que tudo vem em minha mente como um raio, a caminhada até o trabalho, o homem estranho,eu me rastejando até a avenida e aqueles olhos de oceano...

Entro em pânico e começo a chorar...Feliz começa a chorar mais desesperada ainda e sai correndo do quarto...Me sinto tão só e deseperada, é quando sinto dois fortes braços me envolverem em um carinhoso abraço e aquele arrepio forte passa de novo por meu corpo...minhas lágrimas vão acalmando e, sem perceber pego no sono novamente, nos braços do desconhecido.

***

Acordo, quando sinto uma mão quente afagar a minha, aabro meus olhos e vejo o olhar de preocupação de minha mãe e ao seu lado meu pai me observando.

Ela diz calmamente:

- Descanse filha, está tudo bem, estamos aqui.

-Mãe, que bom que estão aqui comigo, estou com tanto medo...

-Não fique filha, já passou, pense em ficar boa logo pra ir pra casa.

-Meu paizinho, você também veio!

-Sim filha, estou aqui!Agora fique calma e descanse que eu e sua mãe vamos falar com o médico pra ver sobre a possibilidade de você ir pra casa, tá bem?

-Sim pai, só não queria ficar só-neste momento alguém bate a porta

-Com licença, vim ver como ela está, posso entar?-diz Samuel

-Oi Sam, pode entrar sim-diz minha mãe.

-Cadê a Felicia?-meu pai pergunta

-Ela não gosta de hospitais Sr. João,pediu que eu viesse e disse que a Natascha iria entender.

É nessa hora que me vem a mente quem ele é.Ele é o namorada que a Feliz tanto fala, tanto reclama e diz que ama e reclama de novo.Vive dizendo que ele só viaja que só se veem de vez em quando e que eu mesmo sem conhecê-lo falava pra ela largar dele que ele era um traste e que deveria estar chifrando ela até o céu.Mas ela disse que não o largava porque o amava.E eu o odiava por fazer minha amiga sofrer tanto.

-Então fique um pouco aqui fazendo companhia a Nati enquanto eu e o pai dela falamos com o médico,

-Fico sim, pode deixar.

-Não precisa não mãe, vou ficar bem sozinha, ele deve ter coisas importantes a fazer - falo rapidamente.

-Imagina! Alguns minutos não fará diferença pra mim.

-Se é assim vamos indo filha o médico nos espera e vamos tentar convencê-lo a dar alta pra você se recuperar em casa.

-Está bem mãe.

Meus pais saem do quarto e ele se aproxima de mim, com aqueles olhos lindos e fala roucamente:

-Está melhor?

-Sim estou.

-Felícia não pode vir, mas disse que você entenderia e saberia da aversão que ela tem a hospitais.

-Sim, eu sei. – falo quase monossilábica.

A mãe da minha amiga faleceu de câncer e ela ficou ao lado dela por meses num quarto de hospital, por isso ela não gosta.

-Durma de novo, descanse quem sabe com sorte amanhã o médico te dá alta.

-Não vejo à hora de poder sair daqui. -falo.

Não me sinto confortável com ele por perto, ele pega em minha mão e faz um carinho, novamente aquela eletricidade passa por mim, flashes do assalto me vêm a mente e começo a chorar de desespero.

Ele então me abraça e novamente diz:

-Shh, calma vai ficar tudo bem. Já passou.

Ficamos ali abraçados por um certo tempo até que meus pais voltam e me dão a boa notícia:

-Filha, amanhã já poderá ir pra casa, claro que terá que tomar certos cuidados e repousar, mas estará melhor e mais confortável lá.

-Que bom mãe!

Então os dois começam a discutir quem irá passar a noite comigo. Vejo o cansaço nos dois e peço que eles durmam em minha casa e voltem amanhã cedo para me buscar e que estou bem.

- Nada disso filha, alguém tem que ficar com você! Até pediria a Felícia se não soubesse que ela detesta hospitais, mas eu fico com você.

-Mãe, não precisa eu já disse que estou bem!

-Desculpe me intrometer, mas posso passar a noite aqui, vejo que o Sr. E a sra estão muito cansados para dormir aqui.-interrompe nossa discussão Samuel.-Além do mais represento minha namorada,que não pode.-ele finaliza.

- Oh, Samuel, você já fez tanto por nossa filha, já a salvou, eu não posso pedir isso a você. -minha mãe fala.

-Não é incomodo algum.Vou resolver algumas coisas rapidamente e volto por volta das 20 horas e vocês podem então ir descansar.-ele finaliza.

-Obrigada Samuel, você é um anjo em nossas vidas mesmo!-diz minha mãe.

-Gente eu ainda estou aqui e já disse que não precisa.

-Sem mais mocinha, Samuel passa a noite aqui com você e amanhã as 10 horas viemos te buscar.

-Mas mãe...tento argumentar.

-Nada de mas; está decidido-diz meu pai.

-Bom então vou indo resolver minhas coisas e as 20 horas estou de volta.-Samuel fala e se retira.

Percebo então que minha noite vai ser longa, muito longa...

***Continua***

Não precisa mudarDonde viven las historias. Descúbrelo ahora