one

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“Cause we are just kids
when we fell in love
not knowing what it was” – Perfect

five and six

As gotas de chuva caíam fortes e incessantes do lado de fora do orfanato. O céu escuro dava a entender que a noite já havia chegado, porém não passava das quatro horas da tarde. O vento rugia e lá fora, a tempestade intensa assustava. Do lado de dentro da casa antiga, um garotinho choroso e assustado também lidava com a sua própria tempestade.

Não fazia muito tempo que Han Jisung havia chegado no orfanato — algumas horinhas, apenas —, mas o garotinho ainda chorava, encolhidinho no cantinho do cômodo que, a partir daquele dia, seria seu novo quarto. O Han chorava baixinho, não queria incomodar ninguém, abraçava as próprias pernas e tentava dizer a si mesmo que tudo ficaria bem.

Jisung ainda era muito novinho, não conseguia entender o porquê estava alí, não sabia o que havia acontecido para que o tirassem do abraço quentinho de sua mãe e o jogassem naquele quarto grande e assustador. A única coisa que haviam falado era que sua mãe havia ido para um lugar muito, muito distante e que agora, aquele lugar seria a nova casa de Jisung. Mas o que aquilo significava?

A cada trovão que ressoava no céu, Jisung sentia o coração bater mais forte. O garotinho nunca sentiu medo de tempestades, mas algo o fazia pensar que, depois daquele dia, seria impossível não teme-las. Estava com medo, com frio e só queria que a mãe estivesse alí para o abraçar e cantar alguma música até que ele pegasse no sono.

A mulher que havia o deixado naquele lugar, Park Jihyo, era até que simpática. Tinha feito questão de mostrar cada cantinho da casa que agora seria seu novo lar, explicou que ele teria muitos e muitos amiguinhos para brincar, o alimentou e até fez carinho nos castanhos do Han, ele poderia dizer que se sentiu seguro ao lado dela, mas agora, sozinho, o medo do desconhecido estava de volta. Jihyo havia falado que logo alguém viria para fazer companhia, mas os minutos se passaram — para o Han, aquele minutos eram longas e tortuosas horas — e nada. Ninguém havia aparecido.

Como se soubesse o rumo dos pensamentos de Jisung, a porta se abriu e logo um garotinho um pouquinho mais alto que o Han adentrou a sala. Ele andava saltitante, sorridente e nem parecia ter notado a presença do garotinho choroso. Jisung se escolheu um pouquinho mais e observou. O garotinho andou até uma das diversas camas disponíveis no quarto, se abaixou ao lado dela, pegou algo que estava no chão e, de repente, se virou para a parede que Jisung estava, levou a mão até o peito e soltou um suspiro alto.

— Você me assustou! — o garotinho exclamou, se aproximando do Han. Quando alguns segundos se passaram e nada de uma resposta de Jisung, ele decidiu que o correto era falar novamente — Ei, você não fala? — questionou, chegando bem pertinho de Jisung e dando um leve empurrãozinho com o dedo no braço do garotinho.

É clalo que eu falo. — Jisung respondeu, tão baixinho que o outro mal escutou.

De perto, Jisung conseguia ver que o garotinho possuía cabelos pretos e um sorrisinho nos lábios — ele sorria por notar que Jisung ainda não sabia falar direito.

— Qual é o seu nome? — ele questionou, se sentando bem ao ladinho de Jisung, ato que fez o Han se encolher mais ainda.

— Han Jisung e o seu?

— Lee Minho. Quantos anos você tem?

— Cinco. — o Han respondeu, levantando todos os dedinhos de uma mão e mostrando ao outro.

— Legal, eu tenho seis. — Minho falou, acrescentando mais um de seus dedinhos aos de Jisung. — Por que você tava chorando?

— Eu quelo a minha mãe. Alguém me buscou na minha casinha e me deixou aqui, mas eu não sei o que aconteceu com a minha mãe, a moça legal só falou que ela foi pla muito longe. — Jisung contou, sentindo as lágrimas encherem os seus olhinhos novamente.

Perfect ❁ minsungWhere stories live. Discover now