Capítulo 2.

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Eu falhei, falhei na nossa promessa, falhei em não conseguir convencer os meus pais a mudarem de ideia, falhei tentar fugir de casa e morar com o Thom.

Mesmo com vários dias chorando, as minhas lágrimas não secaram, o meu desespero não passou e muito menos o vazio que estou sentindo em deixar o Thom para trás, agora estou segurando a mão dele no aeroporto.

Ao meu redor está os meus pais e os pais do Thom converssando, o Thom não para de chorar mesmo tentando disfarçar e isso está piorando a situação já que eu não consigo parar de chorar.

Acho que devemos reformular as nossas promessas, agora a mais importante é que ainda iremos nos reencontrar de novo.– me viro pro Thom ao ouvir ele falar.

—Eu prometo que vou voltar Thom!– Dou um sorriso pequeno e abraço ele, a minha vontade é de nunca soltá-lo.

—Promete para mim que nunca vai se esquecer de mim?

—Como eu irei te esquecer? Vou precisar da minha outra metade!– falo segurando o meu colar que desde a festa nunca tirei.

—Ainda iremos abri-lo!

As minhas mãos começam a suar, as lágrimas molham o meu rosto e o deixam vermelho, o meu corpo gela ao ouvir a voz de uma mulher ecoar por todo o aeroporto afirmando que a minha alegria vai acabar em poucos segundos, a hora de ir embora.

—Vamos Malia.– a minha mãe me chama e dou mais um abraço no Thom.

—Adeus Lia.

—Adeus não Thom, apenas Tchau, ainda irei voltar lembra?

—Malia!— Mais uma vez a minha mãe me chama e a voz da mulher me faz aperta os meus olhos.

—Tchau, Lia!

—Tchau, Thom!

Vou em direção à minha mãe e pego na mão dela, começo a caminhar olhando para trás, mas não consigo e corro em direção ao Thom, abraçando ele mais apertado.

—Eu te amo, Thom!

—Também te amo, Lia!

Se separamos e ele me dá um rápido beijo nos meus lábios que me deixa bastante surpresa, mas os chamados da minha mãe não me deixa pensar direito, corri para perto da minha mãe e olho pela última vez para trás, aquela ia ser a última memória que eu ia ter do rosto do Thomas, pelo menos por alguns anos.

(...)

Tempo atual...

Não sou muito fã de altura, mas não estou dando a mínima se estou a 11.00 metros de distância do chão, estou tão animada que não me preocupo com o meu medo de altura. Finalmente irei voltar para o meu país de origem, a minha cidade.

Dentro de mim está um turbilhão de sentimentos e a mesma pergunta rodeia na minha mente várias e várias vezes, "será que ele ainda se lembra de mim?"

Tem muitas chances dele ter me esquecido, já faz oito anos, oito anos sem ter contato com ele, sinto tanto a falta dele, mesmo que eu tenha feito novos amigos ou tenha se passado tanto tempo, nunca esqueci o Thom.

Talvez ele tenha mudado, talvez não seja mais como o garotinho corajoso e carinhoso que eu conhecia, talvez ele tenha mudado o corte de cabelo, talvez não esteja mais usando óculos, mas uma coisa que eu posso garantir é que as covinhas que apareciam quando ele sorria ou dava risada, os seus olhos verdes esmeralda, a pintinha que ele possui embaixo dos lábios, esses pequenos detalhes não tem como desaparecer com o tempo.

—Filha chegamos.– a mão da minha mãe toca no meu ombro e assim eu desperto dos meus pensamentos.

—Já?

—Sim, eu e seu pai temos uma surpresa para você, foi muito difícil conseguir isso, mas conseguimos.

—Agora eu fiquei curiosa!– levanto da poltrona e começo a caminhar.

—Tenho certeza que você vai gostar, vou pegar as malas.

Olho ao redor da área de desembarque  sem muito interesse, mas algo me chama atenção, um garoto que está fora das portas de vidro, dou alguns passos para se aproximar da porta e no mesmo momento o garoto se vira na minha direção.

Os meus olhos ganham um formato maior, a minha mão vai em direção à minha boca, lagrimas começam a descer pelo meu rosto, mas dessa vez não é de tristeza. Me viro na direção dos meus pais e percebo eles sorrindo na minha direção e só agora eu percebo que não é uma alucinação.

Quando volto a minha atenção para o garoto e ele abre um sorriso que mostram as suas covinhas, aquelas covinhas, aquele sorriso, tenho certeza que é o Thomas, o meu Thomas.

Passo correndo pela porta e pulo em seus braços sem me importar da minha bolsa jogada pelo chão.

Ele me aperta em seus braços e a minha mão vai em direção ao seu cabelo castanho, ele não mudou nada, claro que a sua altura está muito maior e ele amadureceu mais, só que o seu cabelo continua o mesmo, o seu sorriso, o seu olhar, o seu abraço, o calor aconchegante que ele trás, nada mudou.

—Senti tanta a sua falta, pensava que nunca ia voltar Lia.– a voz dele vai ser os meus sons preferidos a partir de agora.

—Como eu iria ficar sem a minha metade?

Se afastamos um pouco e eu toco no meu colar, mostrando para ele, o mesmo sorri para mim e me mostra o seu colar no seu pescoço, puxo ele mais uma vez para mais um abraço, aproveitamos cada sensação desse momento. No final, tínhamos razão, se o destino está ao nosso favor, temos que aproveitar essa oportunidade, e agora eu sei que não irei ficar longe dele, não irei ficar sem a minha metade, sem o encaixe do meu colar, da minha vida.

A pausa Onde as histórias ganham vida. Descobre agora