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CAPÍTULO 1

Fechou o computador assim que enviou o trabalho para a professora, passou toda a tarde naquilo. Mary Ann e Sue Ann, que outrora estavam largadas no sofá procurando algo para petiscar, resolveram sair para comprar lanches e levaram Jordan consigo.

A porta se fechou e ela podia ouvir as brincadeiras enquanto desciam as escadas para sair do pequeno prédio, estava sozinha. Cansada da tarde trabalhando em slides e termos científicos, pegou sua toalha e foi em direção ao banheiro.

Trancou a porta, sozinha e agora presa no pequeno cômodo. Se passasse mal, ninguém conseguiria socorrê-la a tempo, mas era um hábito. Sempre trancava, talvez fosse uma mania suicida.

Pendurou a toalha, tirou as roupas e calçou seus chinelos outra vez para entrar no box. Fechou os olhos por alguns segundos, mergulhando em uma das fanfics que escrevia mentalmente claro, não teria a coragem de deixar vestígios de suas ideias... Insanas.

Ligou o chuveiro e logo estava perdida em alguma cena, pensava no cenário, no diálogo, era como se ela estivesse lá. A água quente varria para longe as inquietações e o cansaço do dia. Pegou seu sabonete, se presenteando com um carinho leve nos músculos cansados quando se atiçou ao ouvir o que pareciam passos apressados no corredor. Tinha alguém do lado de fora? Todos saíram. Continuou com o banho, mas com os ouvidos atentos.

Confessava que era um tanto louca. Quase sempre que estava sozinha em casa, ouvia passos, barulhos de algo se abrindo ou fechando, pequenos tombos, mas nunca eram nada quando ela checava.

Certamente era mais uma de suas loucuras. Escutou mais alguma coisa da cozinha e da área de serviço. E se fosse um ladrão? Céus, teria a sorte de estar trancada, mas e como sairia? A mataria.

Morrer? Não, o medo da morte passou em menos de um segundo, um suicida não tinha medo da morte, era o que mais desejava afinal. Sim, seu medo não era de morrer, sairia para ver o rosto e poder identificá-lo depois.

Precisava de algo com o que se defender. Enquanto enxaguava as costas e pensava em seu protagonista preocupado se o romance seria descoberto por tablóides, viu na prateleira acima dela uma lâmina para depilação, era o objeto mais cortante que tinha no banheiro.

Ouviu o que pareceu um balançar na porta do quarto à frente do banheiro. Devia ser louca, quem invadiria um apartamento e deixaria sua presença tão evidente, ainda mais percebendo que as luzes estavam acesas e o chuveiro ligado?

Certa de que não havia nada do lado de fora, mas com o coração na garganta, desligou o chuveiro e saiu do box, se secando. Ela tinha que sair uma hora ou outra.

Sentiu uma presença, outra das suas esquisitices. Tinha essas sensações, e nunca via nada, apenas sentia e imaginava seres estranhos. Fantasmas, espíritos ceifadores, demônios?

Cuidadosa, mas se conhecendo o suficiente para saber que não era nada, ela deixou a lâmina e abriu a porta, olhando ao redor, vendo o vazio.

Riu sem emitir som. É, não havia nada. Reuniu suas roupas para sair quando sentiu a visão escurecer.

 Reuniu suas roupas para sair quando sentiu a visão escurecer

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