Sempre que eu acordava, olhava para a parede lilás pensando se as coisas um dia iam melhorar.
Aquela cor e a claridade do dia me davam esperança de que, talvez, algum dia seria bom. Meus dias eram cansativos, com noites mal dormidas e pensamentos tortuosos sobre coisas que nem sequer me lembro mais. Eram tantas.
Porém, no fim do dia, quando eu chegava em casa após um dia maçante; as luzes estavam apagadas. Eu não ouvia o som da torneira jorrando água, nem o cheiro da comida sendo feita.
Eu só conseguia ouvir gritos, a escuridão que me enfurecia e me feria, o sabor do desespero e o cansaço eminente. A exaustão sobre os olhos. As coisas nunca foram fáceis.
No entanto, o que me segurava era a esperança de que as coisas ficariam bem, e que eu chegaria em casa sem sentir o pânico me açoitando como uma lâmina afiada.
A esperança era o que me mantinha de pé. Porque eu tinha que estar de pé.
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doce
Short StoryO veneno que impulsionava a ruína foi perdoado. Como o primeiro dia de primavera, as coisas renascem. O que era amargo, agora é doce.