— E-Eu quero me desculpar por ontem, peço desculpa por ter te ofendido por você dormir com garotos! - Se desculpou Sam ao ver Caifas.
— Tanto faz! - Respondeu Caifas de forma ríspida.
Ambos os príncipes usavam túnicas brancas e possuíam em seus cabelos uma bela flor azul clara.
Aquelas eram roupas típicas das cerimônias de casamento dentro da cultura Solari.
Em pouco tempo chegou uma carruagem prateada puxada por dois unicórnios imponentes, os príncipes então subiram e foram levados em direção ao templo.
O templo da Lua ficava em uma das margens do mar, ele havia sido talhado em rocha marítima sobre as águas.
Suas colunas grandiosas eram todas cobertas por lírios brancos e naquela região do mar golfinhos nadavam ao lado de garças que ali se banhavam.
Os dois desceram da carruagem ao chegarem e se dirigiram ao templo pelo caminho rochoso erguido sobre as águas.
Os nobres já estavam todos em seus postos esperando que a cerimônia comesse, não demorou muito até que os golfinhos começaram a "cantar" enquanto saltavam de dentro do mar.
— Vejam as princesas estão vindo! - Disse um dos convidados.
De longe Diane e Sunna vinham vestindo belas camisolas brancas de linho enfeitadas com pequenos diamantes que brilhavam quando a luz da lua os tocava.
Seus cabelos soltos escorriam sobre a roupa com perfeição e delicadeza, o brilho da noite parecia conceder-lhes ainda mais beleza e sensualidade.
Com a chegada das noivas, ninfas do mar surgiram cantando cânticos antigos dos povos daquela região.
Seus cânticos traziam paz e tranquilidade, o próprio céu se clareou com a queda de pequenos flocos de neve que embora fossem feitos de gelo aqueciam ao tocar na pele.
Quando as duas chegaram até seus respectivos noivos o sacerdote lunari prosseguiu com a cerimônia:
— Filhos e filhas da grande mãe Lua, estamos reunidos hoje sobre a benção da noite e a beleza do mar para celebrar a união dos noivos aqui presentes. Que se inicie o batismo sagrado, que assim como a própria deusa que transmuta entre suas quatro faces, vocês possam trilhar o caminho para esta nova fase!
Começou então a tocar um forte barulho de sino, Caifas e Samuel seguiram rumo ao mar onde entraram andando sobre as águas.
Parecia magia ou loucura, mas a própria lua moldava a maré sobre seus pés para que ambos andassem a cima das águas.
Em seguida as princesas caminharam até eles e chegando ao seu lado, elas se agacharam e pegaram um pouco da água salgada com a mão, água está com a qual ungiram a cabeça de seus noivos.
Os príncipes por sua vez se agacharam e da mesma forma pegaram a água, porém desta vez lavaram pois os pés delas.
— Tu ó mulher herdeira da benção lunar, teu ventre sagrado está interligado com o próprio respirar do universo, graciosa e divina és a sua forma e graça. - Dizia o sumo sacerdote.
Assim que o sumo sacerdote terminou de falar as princesas deram alguns passos para a frente, então a Lua começou a descer do céu se aproximando cada vez mais da Terra, até chegar ao ponto de parecer beijar o oceano.
E assim uma luz prateada desceu dos céus e irradiou de brilho e glória o corpo das princesas.
— Ungida és tu mulher, que as quatro faces da Lua te ilumine e abençoe. Pois de ti parte a benção e a maldição, desta forma eu profetizo que a vossa união seja doce e duradoura!
Caifas e Sam foram até elas e se ajoelharam diante das mesmas, tirando do bolso de suas túnicas eles colocaram um belo anel de cristal no dedo de sua noiva e em seguida beijaram-lhe a mão.
— Eu Caifas juro diante da deusa te amar e respeitar por toda a eternidade, sagrado é teu corpo e gentil vossa alma!
— Eu Samuel juro diante da deusa te amar e respeitar por toda a eternidade, bendito é teu ser e glorioso o seu espírito!
Os noivos então se beijaram delicadamente ainda sobre o brilho prateado da Lua, assim que terminaram o beijo seus pés começavam a afundar na água, portanto não demoraram para sair de lá e voltar para o chão rochoso do templo.
...
Após a cerimônia de casamento Samuel e Diane concordaram de não consumarem a noite de núpcias mais uma vez.
Ele não conseguia sentir desejo por ela e ela provavelmente sentia o mesmo, Sam então abandonou o quarto no meio da manhã e foi respirar um pouco sobre as muralhas do reino.
Lá de cima o mar parecia ainda maior e imponente, ele começava a sentir dúvidas sobre sua própria fé e os costumes que tanto prezava.
— Não consegue dormir?
De repente ele olhou para o lado e viu Caifas se aproximando, o garoto parecia tão confuso e perdido quando ele.
— O que faz aqui? Achei que estaria consumando o casamento com minha irmã! - Estranhou Sam.
— Eu poderia te perguntar a mesma coisa!
Samuel respirou fundo e deixou-se olhar para o fraco brilho do sol enquanto desejava se jogar de lá de cima.
— Eu não consigo, nunca quis isso para mim entende? - Perguntou ele.
— Entendo, eu também não consigo dessa forma, inclusive eu e Sunna não consumamos o casamento lá em Solaria. Apenas fingimos.
Ouvir aquilo era aliviador, Caifas no fundo então não era um cafajeste por completo, ele assim como Sam também tinha sentimentos.
— Você era apaixonado por alguém daqui? Digo, queria se casar com outra pessoa?
— Não, nunca fui de me apaixonar. Você tinha alguém lá em Solaria?
— Ah não, também nunca fui de me apaixonar!
Por um momento eles ficaram em um profundo silêncio, mas aquela ausência de som falava mais do que mil palavras.
Um entendia o sentimento do outro, era a primeira vez que eles se sentiam tão bem perto um do outro.
Parecia que pela primeira vez o fogo e a água não se destruíam quando estavam juntos.
— O que você gostaria de ter feito antes de se casar? - Perguntou Sam.
— Não sei, acho que me apaixonado uma única vez ao menos, e você?
— Eu gostaria de ter beijado alguém capaz de me fazer perder o ar, algo que me faça sentir vivo entende?
Quando se deram conta eles estavam cada vez mais próximos do que antes, seus olhos se encontravam em uma prefeita sincronia melódica.
Caifas e Sam sentiram algo que nunca haviam sentido antes, eles não sabiam o que era aquilo e nem poderiam.
O príncipe Lunari se aproximou inconscientemente mais perto de Sam, ao ponto de seus rostos ficaram próximos o suficiente para que com mais um único movimento seus lábios se tocassem.
— Cai...fas...
Samuel então caiu desmaiado no colo do cunhado, quando Caifas percebeu o que havia acontecido foi tarde de mais, uma pedra atingiu em cheio sua cabeça o fazendo desmaiar com o impacto.
— Vocês virão comigo, darei um jeito de fazer vocês pagarem pelo o que fizeram com meu povo! - Soou uma voz feminina.
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Entre o Sol e a Lua
FantasySamuel Solari é o príncipe herdeiro de Solaria, um reino próspero que tem toda a sua cultura voltada a adoração do sol, mas embora o reino seja extremamente rico e possuidor de grande fartura agrícola a principal fonte da vida está se esgotando, a á...
Casamento com a Lua
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