Entre o Sol e a Lua

Casamento com a Lua

Samuel ainda se sentia um verdadeiro lixo com o que aconteceu na noite anterior, ele se olhava no espelho com nojo de si mesmo enquanto tentava negar todos os seus sentimentos e a própria verdade sobre si mesmo.
Era difícil se aceitar como um garoto gay quando você foi criado para odiar qualquer um que assim fosse, Samuel sentia que mil espadas atravessavam seu peito enquanto sua própria alma escorria junto a seu sangue.

— Jovem príncipe, a princesa Diane pediu que o senhor a encontre na praia antes do casamento! - Disse uma das servas de trás da porta.

— Ok, diga à ela que eu já estarei indo!

Sam respirou fundo e abriu o armário em busca de uma roupa mais quente para o clima frio e ventoso de Lunari.
Assim que terminou de se arrumar ele seguiu uma serva até a praia onde Diane o esperava vestindo um lindo biquíni branco que entrava em constraste com seus cabelos.

— Por que está usando roupa de frio? Te chamei para que pudéssemos nadar! - Disse ela ao vê-lo chegar.

— Na-nadar? Mas Diane já está de tarde e aqui é muito frio!

— Ah é verdade, me esquecia que vocês de Solaria não estão acostumados com esse clima nem com a diferença de hábitos e horários daqui.

Realmente para Sam aquilo era uma loucura, ele mal estava conseguindo se adaptar com o fato dos Lunaris dormirem durante o dia e vivenciarem a noite.
Se imaginar nadando nas águas frias sem  luz solar o suficiente era impossível para ele.

— Sabe, tenho que confessar que a paisagem daqui é muito bonita. Nunca havia visto tanta água na minha vida! - Sam sorriu e se sentou na areia.

— Bem, também confesso que Solaria é bem bonita, principalmente o templo de vocês!

— Você acha que dará certo a nossa união? Digo, somos tão diferentes e crescemos sendo ensinados a odiar o povo um do outro!

Diane então se sentou ao lado dele, o vento que vinha da maresia jogava seus cabelos para trás de forma a reforçar a beleza dela.
Sam a olhou admirado, ele não se sentia atraído por ela, mas a achava linda.

— Aqui em Lunari a figura da mulher é adorada e reverenciada, mas mesmo tendo a Lua como deusa nosso povo se recusa a ver na mulher uma líder em potencial. Desde muito nova fui ensinada que meu lugar era ao lado de um homem zelando por sua felicidade, mas mesmo assim eu me levantei e me tornei general do exército. Foda-se o que nos ensinaram, é nosso dever estar sempre prontos para mudar o destino que homens arcaicos escolheram para nós!

Ouvir aquelas palavras faziam Samuel repensar sobre si mesmo, será que era realmente tão errado o que ele sentia dentro de si? Talvez Diane estava certa e ele deveria tomar a coragem de aceitar quem era e lutar por um destino maior do que o que a lei de seu povo o reservava.

— Poxa, eu devo ser o príncipe mais sortudo do mundo. Você é incrivelmente incrível Diane!

A princesa então percebeu que estava se aproximando de mais de Samuel, então imediatamente ela tentou mudar sua posição.
Diane se levantou com um olhar sério e se despediu de Sam o deixando sozinho na praia.
O garoto por sua vez ficou sem entender o que havia feito de errado.

...

Ao anoitecer havia finalmente chegado a hora do casamento, ao término da cerimônia lunari os dois casais estariam completamente casados.
Samuel sentia suas incertezas cada vez menores quando pensava em Diane e em como ela era incrível.
Entretanto era só pensar em Caifas que ele se sentia novamente relutante, tudo pirou ao se encontrar com o cunhado enquanto esperava a carruagem que o levaria ao templo da lua.