sem dono

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eu quero que tu sejas
sempre assim, como
um dia a deixei e vim pra cá
tão solenemente insano
como um vento extravasado,
como um bicho, um cão sem dono,
vim pra ter saudades de ti

quero nos mesmos passos
regressar na raiva,
dar voltas e viver
o que há de bom, de riso,
dar beijos, dar amassos,
pecar nos teus seis braços,
dar um tempo ao tempo incerto
e me atirar na coisa-vida

senão não passo disso:
a forma, um tal mofino,
uma coisa esguedelhada e torpe a ter saudades,
saudades das cidades,
das tantas claridades,
saudades dos teus olhos,
faróis de igual verdade

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Um Punhado de GrãosOnde as histórias ganham vida. Descobre agora