IV - Sinfonia da Aranha Fantasma

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Ela! Criança da noite!

Invadiu-me os íntimos devaneios.

Dama de sublime forma aracnoide!

Presente no campo íntimo a Freud.

Ínfima assassina de receios!


Bailava sublime em meu tórax,

Sua dança quelicérica e fiandeira,

Arrastando o peludo cefalotórax

Sob sua sublime estrada de teia!


Maldita! A predadora cor-marrom,

Sedenta pelo meu crânio, e escalpo.

Perseguindo-me com seu silvestre dom,

Ao me desejar com seu pedipalpo!


Adentrou minha boca, a alma minha.

Envenenou-me a epiglote e a laringe,

E com os pelos de suas perninhas,

Sufocou-me, a octópode esfinge!


Megera dos diabos!

Rainha artrópode da matança!

Sem ar, sem cor, olhos se revirando -

Eu morria! - E a maldita dançando

Em minha garganta a derradeira dança!


Ofegante, delirante e a morrer!

Com uma aranha na garganta,

O que diabos se pode fazer,

Senão se afogar em desesperança!?


AH! E quando próximo a aguardada morte,

Esperando pelo crepuscular ato;

Expirei! Maviosamente aliviado.


Onde estava meu carrasco?

Que me condenou em seu veneno vil!

Ai de mim!

A aranha simplesmente sumiu!


Ainda em espanto, recupero-me da asma

Inspiro, expiro, inspiro...

Expiro, inspiro, expiro...

Indubitavelmente vivo,

E livre da aranha fantasma!

Um Jardim no Inferno - Antologia PoéticaWhere stories live. Discover now