Mirela

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Não haviam opções naquele lugar, senão fingir demência, ou posar de indiferente

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Não haviam opções naquele lugar, senão fingir demência, ou posar de indiferente. Ela não queria novas amigas, queria as de antes. Mesmo sabendo que, àquela altura, com todos sabendo dos motivos pelos quais foi embora, já não pudesse mais considerar ninguém daquela cidadezinha interiorana como amigos. Com certeza muitos ainda riam dela pelas costas. Depois que partira, nunca mais recebera uma mensagem ou ligação de qualquer um que conhecera. Os abandonaram. E não tinha uma forma de culpá-los, de certa forma. Errara. E errara feio.

Mirela vira o tempo passar. Não conseguira manter tantas amizades em sua nova vida, a não ser as senhoras do abrigo, onde havia cumprido seis meses de trabalho comunitário por determinação da lei, e de onde não quisera mais sair. Não tivera coragem de se despedir daquelas pessoas, as quais não a julgavam, nem lhe apontavam o dedo. Um bando de pessoas carentes de atenção e carinho. Claro, no início não havia sido fácil. De forma alguma, porém, acostumara-se a estar entre todos. E mesmo os anos passando, ainda voltava em todas as horas vagas que tinha, e fazia companhia aos idosos.

Na escola, com o fim do ensino médio se aproximando, já havia determinado qual curso superior faria. Culpa do asilo, com certeza. E estava focada em simplesmente seguir. Não tinha muitos contatos na escola. Evitava atividades fora de lá, com os outros. Sua conversa com os colegas não se estendia por muito tempo. Manteve-se arredia. Não podia criar ilusões com nenhum dos garotos. Não mais. Jurou para si que não cairia mais nas pegadinhas do seu coração.

No entanto, Mirela não tinha compreensão ainda o suficiente sobre o ciclo da vida e do destino, que sempre preparava uma peça bem pregada nas pessoas. A dela, Mirela desconhecia, mas já estava preparada. Muito bem preparada.

Ela já o havia encontrado.

O esnobara, como sempre fizera com todos. Ele não seria exceção.

E todos os fatores a levaram a continuar com o plano de afastar não apenas Ele, mas todo e qualquer garoto que cruzasse o seu caminho em busca de um relacionamento promissor.

O motivo? Havia se esforçado para enterrar um sentimento completamente errado em seu peito. Algo que a magoara e a maltratara demasiadamente por aquele tempo inteiro, onde não apenas ela sofreu.

Mas, ela ainda ria abobalhada ao lembrar de um certo encontro com um belo rapaz, outrora...

Era o primeiro dia de aula do início do terceiro ano letivo do ensino médio. Ela lembrou naquele dia que seu pai, o biológico, se não tivesse desistido, também estaria ingressando na escola, no mesmo ano de ensino. Ela papeou com alguns conhecidos brevemente. Até paralisar e mirar o garoto desconhecido que entrara na sala.

A pele clara, marcada pelo sol. Os olhos castanhos. Seus cabelos raspados em maquina um. O sorriso, ao cumprimentar as meninas na sala, branco e alargado. Ele era simplesmente lindo. E o seu erro só fora abrir a boca. Ele jogara a mochila sobre a mesa e uniu-se ao grupo de pessoas.

Destinos Traçados - Série Promessas Livro 2Where stories live. Discover now