Whatch-Pad: O Reality show De Papel [Alanis]

Um átomo pode causar uma explosão?

Já dominei a arte da edição de imagens e isso foi muito importante pra começar com meus planos de me tornar uma influencer famosa, já que o Instagram é específico pra fotos e é claro que às pessoas estão em busca de imagens lindas e bem próximas a perfeição, muito difícil, sendo uma garota gorda que têm o corpo todo irregular, mil estrias e a bunda toda furada de celulites.

Mas já faz um tempo que tento não modificar a minha imagem até alcançar a perfeição já que eu tento todos os dias não olhar no espelho e me odiar completamente. O bom de estudar design é que cada imagem mesmo que seja super simples, é facilmente transformada em uma foto digna de capa de revista.

Preparo a mesa, alguns livros acompanhados da minha caneta prata que tem um diamante lilás falso no topo e meu lápis fofíssimo dos Minions. Sobre um dos livros abertos, o envelope super chique da Incerta e a carta aberta. Cena pronta, ângulo correto, um pouquinho de luz natural e bum! Foto digna do Pinterest.

Minhas cerejinhas, é com uma felicidade imensa que venho mostrar a vocês o que chegou pra mim hoje! Uma oportunidade dessas é raridade pra mim, e me sinto lisonjeada de ser uma das escolhidas para a disputa de um lugarzinho no reality Whatch-Pad, naquele casarão M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O. Torçam por mim, espero passar pelos desafios. Beijocas doces da Cherry.

Postagem feita. E eu realmente tô muito feliz com essa oportunidade, não sei nem como me expressar quanto a isso. Nem sei como esse pessoal da Incerta me achou, e se eles me encontram provavelmente é só o começo! Às curtidas começam a chover no meu perfil, o que enche mais meu coração de alegria, já que cada passo mais perto do meu sonho me faz vibrar de esperança e animação.

Mas isso acaba logo, com um comentário infeliz de um hater . "A ilusão de que todos te amam vai passar assim que você falhar nesses desafios, paz." Mas do que esse cara tá falando? E de onde ele veio, nunca vi esse nome de usuário…
Apenas deleto sua mensagem e o bloqueio, não têm nescessidade de procurar confusão.

Junto minhas coisas  e as guardo, saindo da biblioteca em direção a minha sala. Chegando na porta a professora me olha meio confusa.

- Alanis, o que faz aqui?
- Uai profe, vim pra aula né! Só demorei um pouquinho porque precisei passar na biblioteca e…
- Tá doida? Já esqueceu que foi dispensada?  Sua mãe ligou e você precisa ir para casa, o motivo não sei bem, mas achávamos que você estava lá a muito tempo!

Não entendi  nada! Apenas sai às pressas, já chamando o Uber. Graças a Odin maravilhoso  não demora muito, e o motorista era um homem lindo. Pele branca, cabelos ondulados e pretos, olhos castanhos bem claros e um sorriso lindo.

- Bom dia motorista!
- Bom dia senhorita!

Me sento e então não conversamos mais. Ele quebra o silêncio.
- Então, você que é aquela garota que foi chamada pela incerta né?
- Sim… Fui uma das pessoas chamadas. Você acompanha o reality?
- Não exatamente... Eu acompanho você na verdade
- Sério? Que legal, nunca conheci ninguém que me seguisse
- Ah moça, mas eu não te sigo não, apenas tô de olho em você faz um tempo. Quer dizer, estava, até você me bloquear hoje cedo.
- Mas eu não bloqu… - Merda! Ele é o carinha do comentário idiota! Penso - Ah não... É você, tinha que ser você?
- Eu mesmo madame. Não sabia que ia ficar chateada com um simples comentário, sendo que prega todo aquele amor lá e blá blá blá. Sabia que você era uma falsa, da mesma forma que seus seguidores são.
- É o que? Se me odeia tanto e se me acha tão falsa porque aceitou a merda da corrida? Não precisava disso, foi idiotice!
- Já que você me bloqueou achei interessante reforçar meu comentário pessoalmente, e cá ente nós, eu tô me divertindo muito - Gael começa a rir e me olha de um jeito estranho - Você fica até bem bonitinha quando tá frustrada cerejinha
- Para o carro.
- Mas ainda não chegamos na su…
- Mandei você parar a porra do carro! Ou eu quebro esses vidros no chute seu retardado!
- Ok, ok milady, não precisa apelar, eu paro o carro.

Aos poucos ele para o carro no acostamento, e a única coisa que sei é que meu sangue tá fervendo mais do que o normal. Eu costumo receber muito fácil esse tipo de comentário infeliz mas não sei porque não consigo deixar passar dessa vez. Dou a volta no carro pela frente e bato no vidro: - Sai daí, agora!
- Tá maluca garota? Sair? Não tô afim!

Pego as chaves de casa, num ato impulsivo.

- Se não descer eu risco esse seu lindo carro de fora a fora, é melhor você não duvidar de mim!

Ele revira os olhos e desliga o carro. Me afasto um pouco e Meu Deus do céu o que é que eu tô fazendo! Mas já que comecei preciso acabar com isso.

- O que você quer Alanis? Tô fora do carro, e aí, vai me bater por acaso?
- Não, não, eu não faço essas coisas. Eu nem sei porque te mandei sair eu não sou de fazer isso.
- Além de infeliz é louca.
-  Escuta aqui, vê você fala direito comigo! Não tenho culpa da sua vida infeliz e não sou obrigada a escutar babaca  descontando as suas frustrações em mim. Não sou tuas nega e mereço respeito! Será que é possível?
- Te irritei foi? Nossa, que pena, nem ligo. Uma desempregada, que acha que algum dia vai ter sucesso na vida postando foto no Instagram. Manda todo se amar, mas se olha no espelho e vê um monstro, não ama a si mesma e fica tentando fingir que gosta de qualquer coisa em você. Você é patética, mente tanto pra si mesma que até acredita na própria mentira - Gael começa a gargalhar de um jeito meio maldoso - Não passa de uma iludida.

Dou um soco em seu rosto. Não consigo me segurar, e enfio as unhas em seu pescoço arranhando-o e deixando marcas de unha. Soco seu peitoral e me surpreendo quando ele me agarra. Tento chutar ele e ele desvia, abrindo a porta traseira do carro, me jogando ali.

Eu já tô chorando bastante, ele em cima de mim, mas eu não desisto. Cuspo na sua cara - Você não têm noção de como é ser eu, você não tem o direito de cagar pela boca falando esse monte de asneiras seu filho da puta! - Tentando me liberar de suas mãos mas acabo me machucando. Ótima a idéia de peitar um cara que com certeza tem o dobro da minha força.

Escuto uma buzina, olho para frente e um caminhão imenso está na frente do carro. Um estrondo, tudo escurece, clareando logo após e me mostrando que eu estava na biblioteca da faculdade, em pé, do lado da mesa que tinha arrumado pra sair de lá.