Habib

Capítulo 2

O salão, iluminado por imensos candelabros de cristal, parecia o cenário de uma história de As Mil e Uma Noites. Tapetes preciosos cobriam o chão, espelhos dourados adornavam as paredes e mesas de mosaicos coloridos ofereciam as especialidades culinárias mais sofisticadas de todos os países do mundo. Garçons de branco circulavam, oferecendo altas taças de champanhe aos convidados ocidentais e sucos ou água para os árabes.

A delegação mais numerosa era a dos países árabes, muitos homens tinham vindo com suas esposas, alguns dos participantes eram europeus ou americanos. As mulheres ocidentais, talvez intimidadas pelos homens austeros com longas vestes flutuantes, não se afastavam de seus maridos, ou se reuniam em pequenos grupos fechados, sem se misturar aos demais convidados.

Apenas Lauren, ao lado do tio, estava rodeada por homens árabes.

A distância, Karila a observava. Os cabelos negros pareciam ainda mais brilhosos em contraste com a seda negra do vestido quase severo na simplicidade de suas linhas e sem o realce sequer de uma jóia. Então, Lauren virou-se, e ela engoliu em seco ao ver o profundo decote que revelava a pele muito alva das costas. A camélia presa na parte posterior de sua cintura atraía o olhar para a curva suave das nádegas moldadas pelo tecido muito fino.

Como acontecera de manhã, ela se surpreendeu com a súbita onda de desejo que a envolveu. Então, uma emoção mais forte prevaleceu, e sentiu ódio do tio que a expunha quase nua aos olhares dos homens e homens e de quem se encontrava ali.

Havia uma pequena multidão masculina em torno de Russey Courlaine Jauregui, mas os homens, embora parecessem ouvi-lo, mantinham os olhos fixos em Lauren. Karila quase podia ouvir suas respirações alteradas pelo desejo. Mais uma vez, perguntou a si mesma quais seriam as intenções daquele homem ao trazer consigo uma mulher tão bela.

— É o sr Jauregui que prende sua atenção, minha cara — perguntou uma voz junto do ouvido de Karila. - Ou a beldade seminua que está ao lado dele?

— Minha atenção se dirige para o mesmo lugar que a sua,Hamid Nawab - tinha ainda mais raiva de Russey, ao ver a expressão de luxúria nos olhos do outro homem. Se Lauren fosse sua, ela jamais permitiria que mostrasse o corpo dessa forma e a cobriria de véus, para impedir que alguém visse o rosto perfeito, e de longas roupas, para ocultar a perfeição das curvas.

Subitamente, Lauren ergueu os olhos e a viu. Ela se sobressaltou, como se tivesse adivinhado seus pensamentos eróticos. Perturbada murmurou algo para o tio e se afastou, na direção de um dos terraços.

— Acho que Jauregui trouxe sua bela sobrinha para distrair nossa atenção durante as negociações - disse Hamid, sem disfarçar o desejo. - Ela é uma mulher capaz de enlouquecer qualquer um!

Dando uma baforada no perfumado charuto cubano, ele segurou Karila pelo braço.

— Venha. Eu a apresentarei a ele.

Elegante e distinto, Russey sorriu quando os viu.

- Meu bom amigo Nawab - falou Russey, com toda a amabilidade. — É bom vê-lo de novo!

— Também acho átimo - disse Nawab. - Gostaria de apresentá-lo a princesa Karila Estrabao.

— De El Agadir, certo? É um prazer conhece-la, princesa. Eu esperava ansiosamente por esse momento.

— Eu também queria conhecê-lo — respondeu Karila. -Soube que nem você nem seus associados aprovam a ideia da formação de uma confederação voltada para os interesses dos árabes.

— Eu não desaprovo — informou Courlaine, sorrindo. — Entretanto, acredito que o equilíbrio do poder deva ser mantido pelos maiores conglomerados.