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Leiam a descrição para entender direito o capítulo desde o começo

Any

  Era a noite, eu estava andando pelas ruas, sem destino. Apenas observava as casas e pensava: "Em qual devo procurar ajuda?". O lugar em que vivia era ridiculamente ruim, já fui abusada milhares de vezes pelos funcionários, me batiam forte quando não fazia algo que eles mandavam, vigiavam até o banheiro, ou seja, nos observavam pelados.

Era assustador.

  Não está chovendo, o céu está até com estrelas, mas está frio. Eu estou com uma camisola branca, meu cabelo bagunçado e sinto que estou com enormes olheiras.

  Avistei uma casa cor creme, dois andares, típica casa americana.

Bati na porta.
Ninguém atendeu.
Bati de novo.

  Quem atende é um menino loiro extremamente lindo, seus olhos são cor de oceano, e seu cabelo de ouro, percebo que antes de falar ele me olha de cima abaixo, engole seco e diz:

-Não temos água-iria fechar a porta na minha cara se eu não interrompe-se

-Não vim pedir água, e sim, ajuda.-falo

-ok...OHHH MAE!-depois de gritar ele bufa e sai da porta, dou uma olhada na parte de dentro da casa, é um lugar muito aconchegante, ouço barulhos de alguém descendo as escadas

-O que deseja querida?-a mulher diz com um tom doce, ok...como uma mulher como ela conseguiu criar um grosso sendo tão gentil?

-Conversar, desabafar, ligar pra polícia...-falo em meio a lágrimas que ameaçavam cair, a moça não diz nada, apenas me abraça e suspira, desabei naquele momento.

-Vamos entrar, tome um banho, coma algo e se vista, vamos conversar...eu prometo.-ela me deixa entrar

  Percebo olhares em cima de mim, o loiro me olha fixamente do sofá, uma menina que creio ser sua irmã observa curiosa, o pai (acredito que seja) me olha com dúvida.

-Quem é ela mãe?-a garota pergunta, me deixando um pouco envergonhada

-Como é seu nome?-a mãe pergunta pra mim

-Any Gabrielly, sou brasileira, mas me mudei pra cá aos 7 anos, depois que meus pais...-abaixo a cabeça-i-isso não importa, eu vim de um orfanato-engulo seco

-Espera. Qual deles?-o homem se levanta da poltrona

-Orfanato Misterwill-me sinto curiosa com a pergunta dele

-Ah..meu deus!-caminha até mim-quem foi o idiota que te levou pra esse lugar? Deve ter sofrido muito...-recuo o abraço que ele iria me dar-não precisa ter medo, não sou igual a eles.-deixo ele me abraçar

-Joalin! Pegue um pijama quentinho pra ela, e Josh, prepare um banho morno na banheira, não esqueça da toalha-a moça diz para eles

-Por que eu tenho que preparar o banho?-o menino pergunta em tom de deboche

-Porque eu e seu pai vamos conversar com ela-ela responde claramente e ele bufa e sobe

  Então o nome dos dois é Josh e Joalin, interessante.
  Mas me sinto estranha, eu nunca estive em uma casa de estranhos...

[...]

Em questão de mais ou menos 30 minutos os irmãos descem as escadas

-O banho já ta pronto, coloquei no morno-Josh senta no sofá e pega seu celular

-As roupas estão no banheiro-agora Joalin senta no sofá da frente de Josh e liga a TV

-Any, agora é só ir tomar um banho, você já é bem-vinda! Se quiser fazer amizade com Joalin, fique à vontade, mas Josh eu não garanto nada, ele é meio...

-Mal humorado?

-Sim-diz a mãe, sussurrando

  Depois disso eu subo as escadas e me deparo com um corredor, cinco portas contando com uma no final que estava aberta, entro nela e acerto onde é o banheiro.

  Sorrio por tudo estar completamente arrumado, a banheira cheia de água morna, as roupas em cima da tampa do vaso, e a toalha pendurada no box.

  Tranquei a porta, entrei na banheira e relaxei meu corpo, automaticamente já não consegui mais sentir frio, pensei em tudo, que talvez aquela poderia ser uma nova família, eles me trataram muito bem e espero que eu não esteja incomodando.

  Sai e peguei a toalha, a parte que estava virada pra dentro do box tinha um bilhete grudado, dizia: "Você é estranha, mas é bonita, muito bonita. -Josh"  Me surpreendo ao ler aquilo, quem diria que o rabugento da família iria gostar de uma esquisita que apenas apareceu na porta de sua casa?!

  Desço as escadas e percebo todos os olhares voltados a mim

-Está tudo bem?-pergunto

-Claro!-a mulher diz

-Então porque estão todos me olhando?-pergunto descendo os últimos degraus

-Como era no Brasil?-Josh pergunta direto

-Joshua!-Joalin o repreende

-Nao tem problema, eu falo como era-me sento no sofá-era incrível...eu morava em São Paulo, todos os dias eu saía para brincar com meu cachorrinho, o Pipoca, ele era muito fofo-dou um sorriso-eu sou filha única, sempre estudei em escola, no Brasil era tudo mais fácil também, principalmente as matérias, por quê? Porque eu estudava em uma escola pública, ou seja, escola que não tinha um ensino difícil, automaticamente as matérias se tornavam fáceis, e eu especificamente odiava inglês-tiro uma risada fraca deles-mas então...-fecho meu rosto-meus pais sofreram um acidente de carro e acabaram falecendo, meus avós não tinham condições financeiras de cuidar de mim e eu não tinha tios ou tias, então fui transferida para aquele orfanato aos 7 anos, 1 semana depois do acidente. Foi lá que minha vida começou a ser um verdadeiro inferno, eu era abusada, já fui estuprada 2 vezes, nos observavam pelados, nos batiam, nos humilhavam...era horrível...Eu só queria fugir de lá, e hoje eu finalmente consegui, graças a Deus é tarde e ninguém percebeu-olho para Josh

-Mas são 21:00-o loiro olha para o relógio

-A gente dormia as 19:00 lá-falo

Todos me olham com os olhos arregalados

-Gente...eu vou dormir, amanhã tenho escola-Joalin diz se levantando e sobe as escadas

-Quer descansar também, Any?-pergunta a mulher

-Não, obrigada senhora...-tento adivinhar o nome dela na minha mente

-Ursula! Mas pode me chamar apenas pelo meu nome, não preciso me achar mais velha-da uma risada-vamos dormir amor, amanha você e eu temos que trabalhar, Any, antes eu vou preparar sua cama, vai ser no quarto de Joalin, é cama dupla, na primeira porta à esquerda, se precisar de algo nos acorde-eles sobem a escada deixando apenas eu e Josh na sala.




...

𝕀 𝕟𝕖𝕖𝕕Where stories live. Discover now