Capítulo 2

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Acordei de uma noite muito mal dormida, acordei várias vezes durante a noite, tive pesadelos horríveis com aquele monstro, com ele me tocando, em uma das vezes que eu acordei Julia estava do meu lado alisando meus cabelos e tentando me acalmar, disse que eu estava gritando enquanto dormia. Não sei porque se preocupou tanto comigo, passou o resto da noite velando meu sono, quando acordei de manhã, já eram 9 horas, e nenhuma das meninas estavam no quarto, me lembrei de que Kelly queria conversar comigo hoje, me levantei e fui direto para o banheiro, fiz a minha higiene pessoal, troquei de roupa e desci, quando cheguei na sala vi todas as meninas arrumando a sala, todas me deram bom dia e eu apenas sorri, olhei pela casa procurando Kelly mas não achei, voltei pra sala e perguntei:

- alguma de vocês viram a Kelly? Ela disse que queria conversar comigo - todas as meninas se entre olharam e depois Julia me olhou

- Ela foi caminhar Fer, disse pra você tomar café e esperar ela um pouco. - ela disse e voltou a varrer o chão, dei de ombros e fui para a cozinha, eu estava morta de fome mesmo, cheguei na cozinha e a mesa estava cheia de coisas gostosas, aposto que meus olhos brilharam em ver toda aquela comida, sentem a mesa e me servi. Comi tanto que já estava passando mal.

Quando acabei de comer fiquei sentada pensando em tudo que tinha acontecido no dia anterior, já estava com os olhos marejados quando a Kelly chegou me tirando dos meus devaneios:

- Sem choradeira aqui em gata, não é hora pra isso Fernandinha. - disse ela em um tom divertido, olhei pra ela, e sorri assentindo

- Tava te procurando você disse que queria conversar comigo. - na mesma hora ela mudou de expressão, ficou séria, puxou uma cadeira e se sentou a minha frente, respirou fundo e me encarou.

- você tem que me contar tudo o que aconteceu com você ontem e ai eu digo oque eu tenho pra falar. - ela disse em um tom sério, nem parecia a mesma de 5 minutos atrás.

Expliquei tudo pra ela, minha história toda desde quando a minha mãe morreu, e ela me ouviu atentamente, dava pra perceber um pouco de pena no olhar dela, por fim respirei fundo e disse:

- deixa eu ficar aqui Kelly eu posso limpar a casa pra você a sua empregada, qualquer coisa que você quiser, só me deixe ficar aqui, não tenho pra onde ir e se eu voltar pra casa ele vai me machucar. - disse praticamente metralhando as palavras pra ela.

Ela passou a mão pelos cabelos lisos, suspirou e me encarou.

- Você ainda não percebeu nada Fernanda? Por que você acha que moram tantas meninas aqui? São 10 garotas, todas jovens e nenhuma adulta, eu sou a responsável delas, mas só tenho 25 anos, sério que não percebeu? - fiquei olhando pra ela tentando entender, eu realmente acha estranho tantas garotas assim, mas sei lá, não conseguia pensar em nada.

- Elas são todas prostitutas Fernanda, aqui só moram prostitutas m eu amor. - ela passou a mão nos meus cabelos, eu estava completamente assustada, sem ter o que pensar, fiquei travada no lugar, olhando pra Kelly - parece cruel mas essa é a realidade da gente, não me julgue por isso e nem a elas, elas não escolheram isso, e nem eu, eu não sou a dona delas e nem como dizem a cafetina, não sou dona desse negócio sujo, eu apenas sou obrigada a supervisionar elas, e antes eu do que o verdadeiro dono.

Eu fiquei em choque, nunca imaginei isso, então eu tava num cabaré? Numa casa de putas? Mas isso não parece, eu não sabia oque falar, só comecei a raciocinar depois de uns minutos, olhei pra ela ainda assustada

- Quem é o dono disso aqui? Por que vocês não fogem disso? - perguntei curiosa.

- Ele é um filho da puta, que explora a gente da maneira mais horrível possível. Você pensa que a gente pode?, não, não podemos, se a gente fugir, ele caça a gente e quando ele achar, vai ser o fim pra gente, ele mata, com a maior frieza Fernanda, não dá pra se livrar disso assim.

- Mas .. Mas Kelly vocês não parecem ser isso, como pode?

- A gente tenta levar uma vida normal na parte do dia, é complicado, de dia elas estudam, e na parte da noite você já sabe.. - ela falou com uma cara meio triste

- Eu não sei o que pensar Kelly. - falei ainda meio espantada

- eu imaginei querida, a questão é que você não pode ficar aqui, me desculpe Fernanda, mas as ordens são que só mente garotas que trabalham aqui podem se hospedar na casa. - ela disse com um tom decepecionado.

- mas eu não tenho pra onde ir Kelly, não posso voltar pra casa, não com ele lá, eu não tenho ninguém. - falei entrando em desespero

- me desculpe Fernando eu queria te ajudar, mas não posso, só ficar quem trabalha pra ele, e acho que você não vai querer se tornar uma prostituta como as demais meninas. - ela falou já se levantando, e andando em direção a saída da cozina.

Me levantei rapidamente, puxei ela pelo braço, olhei pra ela:

- Eu quero Kelly. - disse firme, mas sem pensar.

- Você ta ficando maluca garota?, não faz ideia do inferno que é isso, você não vai poder sair mais Fernanda, você não vai entrar pra essa vida. - disse inconformada.

- O que eu não posso, é voltar pra aquele inferno, eu quero Kelly. - continuei firme mesmo morrendo de medo.

Ela balançou a cabeça negativamente e abaixou a cabeça, ficou alguns segundo de cabeça baixa, e quando levantou estava com lágrimas nos olhos suspirou e disse:

- tudo bem, eu vou falar com o Filipe e você pode ficar, mas vou te dizendo que isso é um verdadeiro inferno.

Saiu da cozinha de cabeça baixa, me deixando ali sozinha, me sentei na cadeira, ainda em choque com o que eu tinha dito, agora sim a minha vida tinha virado de cabeça pra baixo, em dois dias, tudo tinha mudado. Quase fui estuprada pelo meu padrasto e agora vou virar uma puta. Que ironia, fugi de casa e vim parar aqui pra não deixar meu padrasto me trocar e agora eu vou ter que deixar que vários homens nojentos e repugnantes me toquem.

A ProstitutaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora