Primeira parte: No vilarejo

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Bonjour! Meu nome é Bella e agora eu quero contar para vocês a minha história:

Eu e meu pai vivíamos numa aldeia no interior da França. Nossa cabana era simples, mas confortável.

Meu pai, mounsier Maurice, era um homem de meia idade, meio roliço e inventor, já eu sou, sempre fui e sempre serei, uma amante de livros.

Esta minha paixão sempre me fez ter a mente aberta. Aberta para novas ideias, novos sonhos, até um novo futuro... Sim, quero muito viajar e conhecer o mundo antes de fazer as coisas costumeiras que se espera de uma garota da minha idade, como casar e ter filhos por exemplo. Porém, nem todo mundo conseguia compreender meus ideais e o porquê resolvi esperar, então eu vivia sendo motivo de fofoca no vilarejo... Fazer o quê?! Nem Jesus agradou a todos, não é?

Além disso, eu não tinha com quem conversar já que todo mundo me achava estranha. Às vezes, isso me magoava um pouco, pois eu queria contar pra alguém as histórias que eu lia, os lugares que conhecia através das páginas dos livros. Mas ninguém se interessava, é claro.

Papai dizia pra eu não me preocupar, que aquilo era temporário. "Só mais umas semanas, Bella", ele dizia, "Só mais algumas semanas pra eu fazer essa geringonça funcionar e, então, finalmente ganharei o prêmio na feira de ciências e poderemos nos mudar para um lugar melhor". Eu só concordava com a cabeça, não tinha muito mais o que eu pudesse fazer mesmo. E tentava ser paciente, mas para isso precisava de um bom livro.

Falando em livros, esta tarde resolvi ir no centro da aldeia visitar a escassa biblioteca atrás de alguma novidade.

Depois de uma rápida caminhada, já posso ouvir o barulho do movimentado comércio. Gente gritando tentando negociar ovos, leite e pão, crianças chorando cansadas de tanto andar, e cachorros latindo enquanto brigam entre si.

Ah, Deus, como quero viver em outro lugar...

Quando chego na biblioteca, abro a porta e um sininho toca atrás do balcão. Mounsier Pierre me reconhece rapidamente:

- Bella! A única leitora voraz dessa vila. Como vai?

- Vou bem, mounsier Pierre, obrigada.

- Ora, praticamente é só você que vem me visitar, Bella. Sabe que pode me chamar de Pierre.

- Claro, Pierre. - Digo, sorrindo. - Então, você tem alguma novidade?

- Não, não tenho nada desde ontem. Sinto muito.

- Ah, tudo bem. Vou levar o de sempre então. - Eu digo, pegando o exemplar surrado de As Mil e Uma Noites. - É o meu favorito, sabe... Lugares distantes, duelo de espadas, feitiços, um príncipe disfarçado!

- Bem, se gosta tanto assim dele, pode ficar. Eu insisto!

- Oh, Pierre, muito obrigada! Você é o melhor bibliotecário do mundo.

- Hahaha disponha, Bella. Até mais.

Saio toda sorridente de lá.

Quem diria... O livro As Mil e Uma Noites é meu, MEU!!! Nem consigo acreditar. Preciso contar a papai.

Contudo, minha felicidade durou pouco, pois ao virar uma esquina me deparo com quem podia ser o homem mais insuportável da França: Gaston.

Admito, ele é lindo, lindo mesmo, mas é tão narcisista que nem uma troca de meia dúzia de palavras vale a pena com ele.

Quando ele se aproxima, abro o livro e finjo que estou lendo avidamente numa tentativa de ignorá-lo, mas ele o arranca de minhas mãos quando diz "Olá, Bella. Que prazer em vê-la".

Fecho as mãos em punho tentando com todas as minhas forças não revirar os olhos e socar a idiotice dele para longe de mim. E respondo com um sorriso forçado:

- Oi, Gaston... Devolva o livro, sim?

- Bella, Bella, devia saber que não é certo uma mulher ler, ainda mais uma tão linda como você, pois logo começa a ter ideias, a pensar...

- Pois é exatamente o que pretendo fazer, Gaston. E acho lamentável que essa seja sua opinião. Só mostra como você é primitivo.

- Oh, obrigado, Bella.

??????? Ele não faz ideia do que é ser primitivo, não é?

- Mas ainda acho que você deve dar valor a coisas mais importantes na sua vida. Como eu, por exemplo.

Viu? NAR-CI-SIS-TA.

Que vontade de vomitar.

- Bem, quem sabe em outro dia, Gaston? Preciso voltar pra casa e ajudar meu pai.

- Que seja. - Ele disse, sem se deixar abalar com a minha rejeição. - Mande um cumprimento ao meu futuro sogro.

Ah, como quero acertar meu livro nessa cara arrogante até arrancar o sorrisinho ridiculamente perfeito de seus lábios...

Emburrada, vou embora antes que eu concretize meus pensamentos.

Beauty and the BeastWhere stories live. Discover now