Assim que terminou a frase, o frio cessou. Uma jaqueta quentinha surgiu do nada e cobriu os seus ombros. Foi assustadoramente aconchegante. Allan aparece no seu campo de visão com uma camiseta fina de manga curta:

— Melhor assim? — Perguntou.

— Ér... sim. Obrigada... Você não está com frio?

— Eu estou bem! Pode me devolver a jaqueta amanhã.

— Ok...

Um silêncio constrangedor se instaurou entre os dois. Juliana não sabia como dispensá-lo sem parecer mal-educada.

— Sabe, tem uma coisa que eu queria falar contigo mesmo — Allan disse. — Se eu não estiver incomodando, é claro.

— Relaxa, migo. Pode falar.

Allan dá um passo à frente e age rápido demais. Antes que ela pudesse esboçar qualquer reação, os seus lábios estavam encostados e o cheiro do álcool impregnava os seus pulmões.

— QUE PORRA É ESSA?

Um empurrão não foi forte o suficiente para afastar de vez o menino que parecia feliz com o que acabara de fazer:

— Ah, vai me dizer que você não gostou?

— NÃO! Não gostei! — Tirou a jaqueta dos ombros e jogou no chão. — Toma de volta! Eu não preciso dessa porcaria!

— Ah, para de fazer draminha. — Juliana não sabia se o garoto era mais forte do que aparentava ou o medo a tornava mais fraca, mas era impossível se livrar das mãos do garoto que apertavam os seus braços. — Eu sei que você vai acabar gostando!

— Para com isso ou eu vou gritar!

— Você já está gritando, gatinha. E ninguém está ouvindo.

***

— Então... colegas. Posso chamar vocês de colegas? — Nenhum dos policiais respondey a pergunta da Cecilia. — Davi estava comigo o tempo todo e não fez nada de errado. Ele estuda comigo lá no Rubens Paiva, é um garoto do bem.

— O tal garoto do bem está praticando desacato a autoridade — respondeu o que segurava a algema. — E se você não sair da frente, serão dois.

Cecilia ergueu os dois braços tentando manter uma distância segura entre ela e os policiais.

— Eu entendo que esse é o trabalho de vocês — forçou um sorriso para parecer cordial. — Mas vocês entendem o questionamento do Davi, né? Vocês realmente não pediram os meus documentos!

— Estou ficando de saco cheio desses dois! — Um deles gritou colocando a mão sobre a arma no coldre.

Cecilia deixou escapar um gritinho de medo.

— Cecilia, você não precisa fazer isso — Davi cochichou para ela. — Pode ir embora, eu sei me virar.

— Se pudesse se virar sozinho aquele cara não estaria com a mão no revólver.

— Então é isso — o policial chefe disse. — Pode levar os dois para a delegacia.

No momento em que se precipitam para cima dos jovens, Cecilia se recolhe e adota uma postura ereta, com os olhos em semi-fechados como uma fenda ameaçadora:

— Já chega! Sinceramente, eu não queria fazer isso, mas vocês não me deram outra escolha. Se vocês seguirem isso eu vou contar para o meu pai que vocês foram racistas com esse garoto e a vida de vocês vai acabar com isso! Eu sou Cecilia Erbolave e, vocês sabem que estão mexendo com a pessoa errada!

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