- Clara fico feliz que tenha chegado, preciso muito de sua ajuda.

- Em que exatamente? Porque eu não vejo onde uma Designer e arquiteta entram nos colaboradores de um bar.

Ele coça a nuca e me encara com meio sorriso antes de continuar. Posso ver pelo seu olhar que tem dedo da Elisa nessa história. – É que a banda da noite vai atrasar mais 10 minutos, e a casa está muito cheia hoje por ser Dia dos namorados, você sabe como esses jovens ficam agitados sem entretenimento, ainda mais em um dia como o de hoje.

- Dia dos.. Que?! – Ai meu Deus, eu convidei a Ana para sair no dia dos namorados? Será que ela pensa que vai rolar algo especial hoje? Porque eu só pensei em uma conversa entre amigas, como posso ser tão desatenta? – Tá, hoje é dia dos namorados, você está sem banda, mas onde que eu entro?

- Você entra no palco e canta. Claro.

- CANTAR? EU? De onde você tirou essa ideia maluca, que eu iria cantar e ainda por cima na frente de tanta gente And?

- Bom, a Elisa disse que você amava cantar, e como você demonstrou isso muito bem no casamento dela, eu pensei que.. Olha querida, se você não se sentir bem fazendo isso, tudo bem, eu posso dar um jeito. – Ele coça novamente sua nuca, e observa o bar inteiro, realmente está muito cheio para uma sexta, sendo que nem é meia noite ainda - Eu acho.

Eu sabia que tinha dedo da dona Elisa aí, eu não estava a fim de cantar. Eu sei que minha voz não era ruim de escutar, eu só não gostava de fazer isso para um público muito grande e totalmente desconhecido. Mas também não podia deixar And na mão. – Eu canto.

Ele me olhava, com sorriso de orelha a orelha. – Então eu vou ir preparando o palco para você, quero dizer testar o som. – Eu já estava quase saindo quando ele me parou e agradeceu antes de voltar para o som. Certo, eu vou cantar, agora eu só teria que explicar isso para a Ana.

Assim que cheguei à mesa que ela escolheu, que se encontrava no canto perto das bebidas, mas perto do palco também e afastado do tumulto, ela me acenava com uma mão para eu me aproximar, enquanto tinha uma caneca de Chopp na outra. – Oi Clara, pensei que já tinha desistido de mim hoje.

- Longe de mim, mas eu posso adiar mais uns minutinhos minha estadia nessa cadeira que se encontra ao seu lado?

- Por quê? Você se esqueceu de alguma coisa, sabe eu posso pagar a cerveja se você não trouxe a carteira, não me importo.

- Não é isso, é que hoje meio que é dia dos...

- ... Namorados?

- Isso! E eu quero deixar claro que eu nem sabia disso, claro que eu sei que 14 de fevereiro é dia dos namorados, mas eu nem percebi que hoje era esse dia. E eu não te convidei para sair hoje pensando nisso, não que eu não goste de você, eu gosto, muito. - Ela me encarava como se tivesse nascido quatro cabeças em mim, podemos perceber que eu não estava me expressando bem. – Não gosto do jeito namorados, mas nada contra claro. O que eu quero dizer é que o Andrew me pediu, quase implorando que suba lá - disse apontando para o palco - e cante. Então eu vou, mas é bem rápid...

- Você vai cantar? – Quando ela disse isso eu poderia jurar que vi um brilho passar por seus olhos. – Eu adoraria ouvir você cantando, é muito... Viciante ouvi-la.

- Sério?

- Sim, agora vai lá, vou estar te esperando aqui, Ande!

Ela me acha viciante? Cantando claro, e que história foi essa de namorados para cima da Ana? Eu parecia uma bobalhona com problemas de dicção. Aproximo-me do palco e vejo um violão ao lado de um banquinho, pelo jeito que And me acena parece que está tudo pronto só falta eu cantar. Certo eu consigo, é só fechar os olhos cantar e em três minutos estarei na mesa com a Ana.

Sento no banquinho, coloco o violão no meu colo e dou umas batidinhas no microfone para testar se o som estava bom, o que faz todo mundo parar de conversar e focar seus olhos em cima de mim. Talvez esta não seria uma das mais brilhantes ideias que tive, eu só precisava respirar fundo e cantar.. O que eu iria cantar? Como eu dei certeza que iria cantar se nem sei o que deve cantar, vamos Clara pense, hoje é dia dos namorados, então tem que ser algo romântico, certo? Devo cantar algo do Ed Sheeran então? Ou o bar do And toca algo mais old, timo Nina Simones, droga! Enquanto eu reflito, consigo ouvir murmúrios de reclamação e ver And com a cara de empolgação me aguardando, e perto dele está Ana sentada, com seus olhos grudados em mim, esperando ansiosa pela minha voz.

Eu não sei por que, ou em que momento que escolhi essa música, mas depois de respirar bem fundo duas vezes eu me vejo percorrendo os dedos pelo violão em uma melodia suave, mas harmoniosa e cantando I Put Spell on you, um pouco diferente da original, eu coloco um pouco mais de batidas com minha mão resvalando na madeira do violão, e parece que entro em outra atmosfera, outro mundo. Sinto-me mais viva, parece que está só eu, a batida de meu coração, o som que meus dedos fazem ao tocar no violão e a música. Ana tem razão, é viciante e delicioso.


Gostou? Ansioso por mais?

Que tal demonstrar isso deixando sua estrelinha?

Até a próxima lindxs...

O mistério de GraceOnde histórias criam vida. Descubra agora