— Máma! — A bebê balbuciou e tanto eu quanto Coelho explodimos de alegria ao ouvir aquelas primeiras palavras da minha filha.
— Você ouviu! Ela falou "mamãe"! — gritei animada.
— Não só vi, como filmei! Ah Mabel, estou tão orgulhoso de você — Coelho comemorou e em seguida fomos ver a filmagem. Estávamos rindo e nos divertindo com a gravação quando Victor entrou pela porta da varanda. — Irmão, você não vai acreditar! — Josué saiu do meu lado e foi direto ao amigo para mostrar as façanhas da estrelinha daquele dia.
Victor ficou atento a tela e até deu sorrisinho desanimado quando acabou. — Legal — comentou monótono, deixou o amigo de lado e se aproximou para pegar a bebê em seu colo. — Então, você é uma mocinha tagarela agora? — perguntou a filha e deixou um beijo em suas bochechas gordinhas.
Era bom ver Mabel não mais estranhando Victor como pai e ele, por sua vez aproveitando cada minuto do seu dia apertado como médico para estar perto da menininha.
— Vou deixar vocês a sós — informou Coelho já caminhando para dentro do casarão. Antes de entrar, ele aproveitou o fato de Victor estar muito distraído conversando com a filha para fazer um sinal imitando alguém colocando uma aliança em seu dedo anelar. — Casem — ele sussurrou.
— Vim te chamar para ir ao super-mercado comigo. Sou eu quem vou abastecer a dispensa do instituto e do abrigo para crianças esse mês — convidou Victor e eu fiquei orgulhosa por saber do empenho dele em usar seu dinheiro com o fim de ajudar outras pessoas.
— Só nós dois? — perguntei tentando disfarçar o constrangimento por querer saber aquilo.
— Não sei. Está pensando em levar o Josué também? Eu não me importaria, afinal os dois estão juntos o tempo todo mesmo — rebateu e eu senti uma pontada de ressentimento na voz do médico.
— Vou deixar a bebê com a Luana e trocar de roupa. Espere aqui — desconversei, já pedindo licença.
Quando fui pegar Mabel de volta, Victor pediu mais alguns minutinhos para abraça-la e esmaga-la em seus braços várias vezes. — O papai estava com saudades, meu amor — ele falou baixinho fazendo meu coração derreter. — Eu já amo muito você, filha.
Finalmente tomei a menina em meus braços e a levei até minha amiga que naquele instante estava brincando com Arthur na sala de televisão.
— Lu, você pode olhar a Mabel pra mim? Eu vou com Victor ao mercado e...
— Tá, mas não demore — Luana me cortou.
Minha amiga não pareceu gostar muito do meu pedido, sem deixar claro o motivo. Lu nunca reclamava em oferecer ajudar com a Mabel e eu também sempre me coloquei a disposição para cuidar de Arthur quando fosse preciso, mas naquele dia em especial, a situação foi diferente.
— Se não quiser, eu posso pedir a Karen ou a Fabi...
— Está tudo bem, Sarah. Fique tranquila, tá bom? — ela disse e em seguida pegou a bebê em seu colo. — Divirta-se.
Mesmo estranhando a atitude de Luana, eu não perguntei nada e me despendindo de Mabel, saí correndo até o quarto onde troquei minhas roupas de ginástica por um vestido azul escuro de mangas curtas e sapatilhas, aproveitando o fato de eu já estar de banho tomado para ficar pronta para o culto a noite. Quando desci encontrei Victor conversando com Coelho e eles pareciam entretidos até me verem.
— Está pronta, Sarah? — Victor sondou e ao ter minha confirmação, me chamou para segui-lo até o carro emprestado de Josué.
Entramos no automóvel e aguardei o médico começar a dirigir, porém percebi pelo rosto dele haver algo engasgado em sua garganta.
YOU ARE READING
Ensina-me amar
SpiritualSarah Rodrigues era uma bela e jovem garota criada sobre a dura disciplina de seu pai e rígida supervisão de seus irmãos mais velhos. Sua vida com Deus resumia-se a hipocrisia e um falso e exagerado sentimentalismo usado para impressionar seus amigo...
Dezoito: Sentimentos
Start from the beginning