- Tem vários extraordinários pela casa. – Ele diz, voltando a me olhar.

- São meus também. – Digo, dando de ombros.

- Não faça isso. – Ele disse, em reprimenda. – Tão trate como se não fosse nada demais. – continua. – É incrível, Júpiter. Você é uma artista exímia. - ele declara e eu me derreto. Sinto o sangue fluir para o meu rosto e mordo meu lábio. Eu não gostava que estranhos vissem meus desenhos e pinturas, mas a ideia de Dominic gostar deles, fazia coisas desconhecidas com meu coração. Ele sorriu e com dois passos estava na minha frente.

- Não sabia que você corava. – Ele disse, com um sorriso tão malicioso que só pude corar ainda mais. – Linda... – Ele disse, correndo as mãos por meu cabelo agora desembaraçado e molhado. – Vamos, sua mãe foi a padaria e já deve estar voltando e seu amigo está dormindo no sofá.

Seguimos para fora do quarto e cobri Luísa que dormia numa posição engraçada. Dominic riu e eu também quando uma de suas pernas caiu para fora da cama. Dominic me ajudou a empurrar seu corpo em coma para o centro da cama. Luísa tinha um sono tão pesado que era assustador. Assim que pisei na sala os olhos de Thomas se abriram e ele voou na minha direção, me abraçando tão apertado que eu senti que podia sufocar.

- Graças a Deus você está bem. – Ele falou em italiano, me colocando no chão, mas assim que seus olhos chegaram aos meus, eu sabia que estava encrencada. – Sua peste, eu te avisei para não ir embora sozinha, quanta irresponsabilidade, Júpiter... – Ele continuou falando tão freneticamente em italiano, gesticulando com os braços definidos e praguejando mais do que em qualquer outro momento da vida minha vida. Olhei para Dominic que ergueu as sobrancelhas e me deu um meio sorriso, num típico gesto de "agora aguente". Enquanto ele continuava com o sermão, eu segurava a vontade de rir, apesar de saber que ele estava completamente correto. Eu havia sido irresponsável e merecia aquilo, mas Thomas raivoso era hilário. No meio de uma comparação improvável entre homens bêbados e a virgem maria, minha mãe chegou, correndo para me abraçar.

- Ainda bem que Thomas já está fazendo o favor de te dar uma bronca, assim posso te encher de mimos sem precisar entrar na fila para bater nessa sua cabeça dura. – Minha mãe brincou, sem me soltar. – Fiquei tão preocupada, filha. – Ela disse, se afastando e olhando meu rosto machucado. Seus olhos se encheram d'água e eu segurei suas mãos.

- Mãe, eu estou bem. Prometo. – falei.

- Seu pai quase teve um infarto. – Ela diz, sem me soltar. - Amélia também.

- Vou lá amanhã, pra ver os dois. – prometo.

- Eu trouxe pães, um bolo e fiz café fresco. – Minha mãe diz e em vinte minutos estamos todos na mesa conversando sobre amenidades. Dominic parecia completamente relaxado e isso me fez sorrir. Ouvimos passos vindos do corredor e uma Luísa descabelada apareceu, arrancando uma risada coletiva.

- Me deixem. – Ela resmungou. A mesa da cozinha estava cheia, então ela simplesmente andou em direção a Thomas e se sentou em seu colo, que a recebeu com carinho. Eles eram melhores amigos também e meu coração se aqueceu com a visão das minhas duas pessoas favoritas juntas no mesmo ambiente. Dominic me olhou com confusão e eu sorri, sussurrando que não era o que ele estava pensando.

Meu telefone tocou sobre a mesa e eu me sobressaltei. Alcancei o celular e sorri ao ver a chamada de vídeo que eu recebia de Firenze. Mal esperei antes de me jogar no sofá e atender.

- Oi, coisa mais linda da minha vida! – Falei em italiano, sentindo os olhos de Dominic sobre mim. Firenze sorriu, mostrando duas janelinhas no rosto doce de olhos castanhos.

- Oi, tia Juju. – Ela respondeu em seu sotaque florentino adorável. – Estou morrendo de saudades. – Ela falou e sorri, vendo Thomas e Luísa se aproximando, eu não sabia qual de nós três era mais apaixonada pela menina. Luísa só falava em inglês com ela, que adorava.

- De mim ninguém sente saudade, né, dona Firenze. – Luísa falou em seu sotaque inglês perfeito de quem havia morado fora por anos.

- Oi, tia Lu. – Ela falou em inglês e Dominic sorriu amplamente, olhei pra ele e recebi uma piscadela sensual em resposta. Corei.

- Oi, minha princesinha. – Falou, Thomas, tirando o telefone de minhas mãos e mostrando apenas o seu rosto.

- Oi tio Tom!!! – Ela gritou, se havia alguma dúvida de qual de nós três era seu favorito, agora estava bem claro. Firenze era completamente apaixonada por Thomas. Continuamos conversando por meia hora, revezando entre Firenze e Giulianna, sua mãe e irmã de Thomas. Prometi que a visitaria em pouco tempo e ela brilhou. Quando desligamos, eu tinha lágrimas nos olhos.

- Não chore, principessa. – Falou Thomas, me puxando pra perto. – Ela te ama.

- Eu odeio não vê-la sempre. – Resmunguei. Luísa deu um beijo em minha bochecha e me abraçou. Dominic se levantou e me olhou.

- Eu preciso ir, você está segura agora. – Ele falou, alcançando suas chaves e celular.

- Eu levo você até lá embaixo. – Respondi, me levantando. Ele concordou e saímos do apartamento depois de Dominic receber abraços apertados de todos e agradecimentos profusos. Ele parecia constrangido, mas confortável. Descemos até o estacionamento em silêncio, e assim que Dominic destravou seu carro, me assustei com a intensidade em seus olhos quando ele se virou para mim.

- Você não precisa trabalhar essa semana. Quero você descansando. – Ele falou, me olhando.

- Não! – Rebati. – Por favor, a gente tem que adiantar o projeto dos Golveia e eu não quero ficar em casa pensando... n-nele... – engasguei. – Nas m-mãos dele em mim...

- Júpiter. – Dominic chamou, embora soasse como uma suplica.

- Por favor, não me afaste. – Eu pedi, colocando minhas mãos sobre seu peito, cravando meus olhos onde seu coração batia num ritmo rápido.

- Eu nunca conseguiria. – Ele respondeu, simplesmente. E eu rompi. Coloquei-me na ponta dos meus pés e encostei minha boca na dele suavemente de inicio. Apenas para ver se ele recuaria, mas tudo que ele fez foi emitir um ruído no fundo da garganta, e cravar as mãos grandes em minha cintura. Foi tudo que eu precisei, aprofundei o beijo e deslizei minha língua sobre a sua, num toque reverente. Conforme as mãos de Dominic corriam por mim, me inflamando, me adorando, eu tentava transmitir tudo que eu estava sentindo: adoração, carinho, desejo, profunda gratidão. Quando nossos lábios se separaram, Dominic me pôs no chão e percebi que ele tinha me segurado no ar esse tempo inteiro. Sorri. E a avalanche de sentimentos que senti quando os olhos pecaminosos de Dominic me fuzilaram de volta, me fizeram ficar séria.

- Nós temos um problema. – Sussurrei. Dominic sorriu, de uma forma que eu nunca tinha visto antes, mostrando todos os dentes, iluminando cada canto do seu rosto. Ele parecia... Pleno, confiante... Feliz. Meus lábios tremeram.

- Eu sei, linda. – Ele respondeu, acariciando meu rosto. – Eu sei.

E então sua boca estava na minha de novo.

O UNIVERSO ENTRE NÓS  - COMPLETOWhere stories live. Discover now