Como não se apaixonar

24° capítulo

Com certeza eles estão juntos.

Merda, eu já estou com ciúmes de novo. Essa coisa de ser madura como minha mãe sugeriu, não está dando certo.

Frustrada, eu me viro disposta a ir embora e acabo recuando um passo para trás quando vejo o carro de Igor parar em frente à casa da Magda e a mesma descer em seguida.

Magda caminha em minha direção de braços cruzados, com um olhar nada amigável.

Engulo em seco, sentindo meu coração ser esmagado.

— Ei. — Desvio meu olhar de Magda, encarando Igor que está pendurado na janela de seu carro. O seu rosto está vermelho e ele parece tão sem jeito quanto eu nesta situação.

Nós não nos falamos desde o natal. Ele tem evitado a todo custo minha casa. Cheguei a questionar minha avó sobre seu desaparecimento e ela disse que ele estava envergonhado pela briga, mas sei que não é só por isso.

— Oi — respondo baixo ao seu cumprimento, mordendo a parte interna de minha bochecha. Os seus olhos perscrutam pelo meu rosto e faço o mesmo com o seu.

Como é que eu consegui não o achar bonito quando o conheci? E como é que agora eu o acho um dos mais lindos que já vi?

Seus fios de cabelo estão alinhados para trás, me permitindo ver completamente o seu rosto. O hematoma esverdeado abaixo de seu olho que já está quase desaparecendo não modifica em nada sua beleza. Vejo que ele está vestindo uma camiseta vermelha despojada que combina perfeitamente com o calorão que está fazendo hoje.

— Tá fazendo o quê aqui? — Magda pergunta, amarga.

— A gente pode conversar? Se vocês tiverem acabado... — Pigarreio, encarando o chão. —... o que estavam fazendo...

— Ah, eu já estou indo embora, só vim deixar a Mag — Igor sem prontifica em dizer. — A gente se vê depois. 

Claro que isto não foi para mim.

Magda concorda com um sorriso.

— Eu te ligo, porque eu tenho seu número — ela fala provocativa, olhando diretamente para mim.

Escuto Igor da partida e logo seu carro está em movimento, se afastando de nós.

— Se eu quisesse conversar com você teria respondido suas mensagens ou atendido suas ligações, você não acha?

— Magda, eu...

— Não! — Ela me corta, enquanto caminha até a porta de sua casa, tirando a chave da bolsa pendurada no ombro e enfiando-a na fechadura.

— Eu só vim pedir desculpas, tá legal? — choramingo, quando a vejo entrar em casa como se eu nem estivesse aqui. — Me desculpa, Mag.

— Ok. Já se desculpou, agora pode ir.
— Ela faz menção em fechar a porta, mas eu a impeço.

Eu já bati a porta tantas vezes em sua cara que não me admira que ela queira dar o troco pagando na mesma moeda.

— Por favor, vamos conversar, pela nossa amizade — imploro, sentindo as lágrimas começarem a brotar no canto dos meus olhos.