[II]

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Inglaterra, 1842.
Nossa heroína encontra o nosso herói em uma situação nada agradável e as coisas não saem exatamente como planejado.

Os bailes já não tinham o mesmo gosto de descoberta para George Berryann. Uma nova temporada começara, de fato, mas há três anos ele perdera o interesse em saber quem eram as novas damas apresentadas a sociedade ou as ainda remanescentes na busca por um marido. Toda vez, não importava a ocasião, ele já entrava nos eventos procurando por ela.

E sempre a encontrava, quase de imediato. E ela também o achava em um piscar de olhos.

Quase sempre tão perfeita quanto da última vez que a via. Como se isso fosse possível, ou saudável para seu coração e mente apaixonados.

Elizabeth... Seu nome ressoava em seus pensamentos como uma oração sagrada. Ecoava constantemente em suas memórias todas as noites, antes de dormir, enquanto era consumido pelo desejo de tê-la em seus lençóis. Fazê-la sua mulher oficialmente, embora seja impossível.

Então ele entrou no salão. Mais um baile que a mãe o obrigara a ir dessa vez, mesmo quando George estava evitando ao máximo encontrar-se pessoalmente com ela. Era a sua primeira aparição à sociedade depois de um ano viajando; estivera na Escócia, pensou que manter-se longe seria ótimo para esquecê-la, ou pelo menos se preparar para deixá-la ir. Precisava fazer isso, na verdade. Era uma ordem que tentava impor a si sempre antes de vê-la.

Há dois anos, quando não conseguiu controlar-se e acabou tentando a seduzir com seu charme, não pensou que chegariam tão longe. Não pensou que ela aceitaria, cederia. Muito menos pensou que duraria tanto tempo.

Mas George ficou. Pensara que alguns meses ao seu lado seriam o suficiente para o fazer tirar essa ideia, esse amor, da cabeça. Nunca precisara tanto da fama de libertino quanto naquele momento, mas até então não conseguiu.

Se Mary descobrisse ficaria arrasada, desolada. Criara os dois filhos para serem cavalheiros respeitáveis. Nessas regras incluiria jamais se envolverem com mulheres casadas, ou jovens damas virgens da sociedade. As complicações que isso traria para os dois, principalmente para Elizabeth, seriam terríveis.

As pessoas, nada discretas, logo o notaram e fizeram o trabalho de anunciar sua presença para todos os outros presentes. Apesar do título de Visconde não ser o de mais alto prestígio, a beleza, carisma e fortuna dos Berryann chamavam a atenção. Por isso ele era um dos pretendentes mais cobiçados dessa temporada - assim como de algumas temporadas passadas.

Mas ele não ligou para aquela atenção toda. Bastou uma breve varrida pelo salão para encontrá-la. Ao lado de uma dama, outra amiga da corte, Elizabeth observava os casais dançando.

E toda aquela fúria voltou a atacar seu peito, brasas tornaram a queimar seu coração. A paixão ardente que queimava por ela. Mesmo estando um ano inteiro fora, ignorando suas escassas correspondências para não despertar tanta atenção do marido, ele ainda a amava fervorosamente.

George engoliu em seco e avançou graciosamente por entre a multidão como sempre o fizera. Estava sozinho, por enquanto, a mãe chegaria mais tarde devido imprevistos que surgiram. 

Fez o possível para misturar-se e cumprimentar a maioria dos conhecidos, alguns até amigos da época de estudos, mas, a qualquer posição, encontrava um jeito de olhá-la de relance, seja por meio de gestos ilustrativos e comentários sobre a temporada ou a movimentação agitada.

Até que Elizabeth notou sua presença. A surpresa inundou suas feições.

E bastaram duas trocas de olhares para que George soubesse que sua amada queria vê-lo em um local mais... reservado.

Pelo amor de um ViscondeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora