Capítulo VI

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Como era o primeiro dia da semana também era dia das mulheres da família De Florence se reunirem para tomar um chá da tarde juntas. Nos reunimos no Salão das Mulheres, e meu coração se apertou de levinho, sentindo falta de titia.

-Será que há mais uma menina vindo a caminho?
Tia Aysha, que estava sentada em uma poltrona, ao lado de vovó, disse passando a mão pela barriga.

Tia Aysha era tão tímida quanto tio Sebastian, mas os dois se davam muito bem. Ela era dona de uma beleza exótica, alta, com um corpo desenhado, um cabelo cheio de cachos pretinhos, e uma pele negra de dar inveja. Além, é claro, de seus olhos verdes e seu sorriso encantador.

-Eu acho que pode ser um menino, imaginem só um mini Sebastian.
Mamãe disse e nós rimos.

-Eu me lembro exatamente como foi o parto dos quatro. Mas o mais difícil foi o de Selena. Eu estava muito nervosa e com medo. Depois que eu vi que era uma menina, chorei dois dias seguidos, e sequer deixei Giulian pega-la no colo enquanto eu estava acordada. A cada dia que ela passava comigo eu sentia que a morte estava perto. E eu não podia deixar que matassem minha filha. -Ela disse olhando nos olhos de mamãe.- O plano foi arriscado, mas no fim acabou dando certo e hoje ela está aqui comigo, e me deu mais duas alegrias.

Dessa vez ela olhou para Astra e eu,  sorrimos.

-Eu não consigo nem imaginar como foi passar pelo que a senhora passou, Diana. O parto de Natasha e Theo foi tão tranquilo. E o seu então El? Inimaginável.

Tia Eloáh fala.

-Conte nos a história novamente El, eu amo.

Aysha pede.

-Só vocês mesmo. -Mamãe fala rindo.- Bom, era o dia do Confronto, e estava nas últimas semanas de gestação. Eu não podia deixar de ir, apesar da barriga enorme. Meu pai mandou minha mãe, Sebastian, que na época era apenas uma criança, eu e mais um monte de criados do palácio, para um forte, bem no sul do reino. Lá estaríamos seguros de um possível ataque no palácio. Eu então pedi que uma criada também grávida, entrasse na carruagem fingindo ser eu, e eu peguei um cavalo, e fui atrás de Miranda, que também havia ido para batalha. Somente quando eu cheguei lá que meu pai e Peter viram que eu havia ido também. Papai mandou guardas me cercarem e eu não pude lutar, hoje eu penso que coloquei muitas coisas em risco, mas na época eu só queria derrubar aqueles que me mataram por anos. Eu vi tudo acontecer, vi reis e rainhas lutarem com as próprias mãos, vi Liana correndo, derrubando soldados enormes, com sua Espada. Mas eu também vi quando vovô caiu e logo depois Jey. - Mamãe para e respira fundo. - Então eu corri, passei pelos guardas e me joguei na frente do meu pai de coração. Olhei em seus olhos, falei com ele, vi vovô, e me despedi. Eu não havia reparado que Liana estava muito ferida, e ali, na adrenalina do momento eu comecei a sentir muita, muita dor. Me lembro de gritar bem alto. E depois foi tudo muito rápido, como estávamos longe de qualquer palácio, Mathew nos levou para uma lagoa escondida nas florestas de Gálio. Parecia de outro mundo. Enquanto fora daquele lugar nevava, e fazia um frio intenso, lá as plantas reluziam suas cores, e sobre a água pairava uma neblina. Me colocaram na água, que estava bem quentinha, e lá após fazer bastante força, a primeira delas vieram. -Ela disse olhando para Astra.- Mas eu ainda estava fazendo força, e de repente outra bebê estava em nossos braços. -Dessa vez ela fala olhando para mim.- Eu suava, tremia, e muitas coisas se passavam pela minha cabeça, achei que Lia também morreria, mas não, a Espada salvou ela. Peter estava desnorteado com a situação, mas graças a ele, papai, e Miranda, eu tive minhas duas filhas. Matt e Ezeque ajudaram muitíssimo também.

Ela sorri e beberica um pouco do seu chá. Minha mente tenta imaginar aquele dia, a reação de todos ao me ver, e até mesmo a cara de papai, que sempre deixou bem claro a falta de jeito com mulheres em pânico.

-Eu também quero ter o bebê num parto na água. Mas não em meio a uma guerra, em um lugar completamente inusitado.
Tia Aysha fala e todas rimos.

Nós continuamos a conversar, contar histórias e nos divertir.

Após isso Astra e eu fomos para o seu quarto, chamamos Felipa e ficamos conversando até a hora do jantar.

-Eu estava trabalhando na biblioteca, do andar debaixo, quando Natasha entrou. Eu estava naquele cantinho atrás das prateleiras, e ela não me viu. Ela pôs um livro de volta no lugar e depois saiu.

Felipa disse.

-Qual livro?
Astra perguntou.

-Era um dicionário. Com palavras bem parecidas com as escritas nas cartas que estavam no escritório de sua tia.

Ela respondeu.

-Será que ela tem recebido essas cartas também?

Astra pergunta.

-E se ela tem recebido essas cartas, e dado para titia traduzir, mas como titia não está aqui essa semana, ela tem traduzido sozinha?

Falo.

-Só tem um jeito de descobrir.
Fê diz.

-Perguntando para ela?

-Não Áurea! Nós vamos entrar no quarto dela.
Astra diz.

-Mas como? Ela nunca deixaria.
Falo.

-Eu tenho um plano.
Felipa diz e ela e Astra sorriem cúmplices, pois estão prestes a aprontar.

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Olá meus amores
Perdoem me pelo capítulo curtinho, mas foi preciso.
O próximo sairá no domingo, fiquem ligados.
Então é isso, um beijo
Amo vocês
😘😘❤❤

"O Espelho e A Coroa"Onde as histórias ganham vida. Descobre agora