TRINTA E SETE

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- Eu voltei pra tentar ser pai pra ela. Você diz que a criou tão bem mas permite que esse desgraçado se aproveite da minha filha.

- Qual o seu problema? - Livia perguntou. - Você está estragando tudo, mais uma vez!

- Eu vou pedir a sua guarda, minha filha. Eu vou ser o pai que você sempre quis.

- Minha guarda? - Livia riu com deboche. - O que você sabe sobre mim? Você ao menos sabe a minha idade? Essa festa aqui é minha despedida. - Enrico olhou assustado para Livia. - Pois é paizinho. - Ela ironizou. - Eu estou indo morar sozinha, pra ficar perto da Universidade. Você ao menos sabia que eu passei em uma?

- Você... – Enrico estava sem palavras.

- Só vá embora, Enrico. - Eu disse, me aproximando dele.

– Não toque em mim, seu desgraçado. – Ele me empurrou. Eu o olhei sem reagir. – O que foi? Está com medo? Na hora de seduzir minha filha você se fez de homem, não é? – Bastou isso.

Me aproximei dele com toda a raiva e força que eu havia acumulado e o acertei no meio da cara fazendo-o cambalear.

Ele se levantou rapidamente e acertou minha boca fazendo a minha raiva crescer. Avancei sobre ele e o encurralei na parede.

– Eu sou homem suficiente pra tratá-la com todo amor e respeito. Para cuidar dela e para admirar a mulher incrível que ela é. Coisa que você deveria prestar mais atenção. – O soltei. Enrico me olhou enfurecido. Suas mãos tocaram seu olho que já começava a ficar com um tom roxo. Ele tentou dizer algo, mas apenas abaixou a cabeça.

Livia segurava a minha mão, mas a soltou e passou por mim indo atrás de Enrico. Ele segurou seu braço acariciando-a.

– Venha embora comigo, filha. Eu vou consertar as coisas.

– A minha mãe... – Ela fez uma pausa, a lágrima já escorria em seu rosto. – ...Foi pra mim tudo o que você não quis ser. Ela foi a minha mãe, o meu pai, a minha amiga. Mas estava tudo bem por que você me ligava no meu aniversário, não é mesmo? Aparentemente pra você isso bastava. Agora já é tarde.

– Livia...

– Não. Agora eu vou falar. – Ela interrompeu o pai. Sua expressão era séria e emocionada. – A vida inteira eu admirei o homem que David é. O cuidado, a proteção com todos que ama. Quando eu era mais nova eu sonhava em um dia você se tornar pra mim o pai que David é pra Natie. Com o tempo eu vi que não precisava. Eu tenho a minha mãe e o meu irmão, que cuidam de mim mil vezes melhor do que você jamais cuidou.

– Minha filha...

– Eu não terminei, pai. A admiração que eu sentia por ele deu lugar a um sentimento ainda mais forte. Eu me vi apaixonada por ele. Nós estamos felizes demais. Que direito você acha que tem de tirar isso de mim? Você ficou longe por tanto tempo... ocupado com a sua nova família... E eu estou muito bem aqui, sem você. Por favor vá embora.

Enrico olhou para todos nós, um por um. Bryan se aproximou dele e pôs a mão em seu ombro levando-o para a porta.

– E você, meu filho? Também está contra mim?

– Eu concordo completamente com tudo o que Livia falou. A gente mal conhece nossos novos irmãos. E quer saber? Logo quando descobri a relação de David e Livia eu quis matá-lo – Bryan riu de canto. – Mas hoje eu percebo o bem que ele faz a Livia. – Assenti e sorri para Bryan.

– Acho que você já pode ir embora agora, Enrico. – Susan falou e Bryan abriu a porta.

Enrico saiu de cabeça baixa e Susan correu para abraçar Livia. Bryan se agigantou sobre as duas e as envolveu com os braços. Livia soltou sua mãe depois de alguns segundos e caminhou até mim. Seus olhos cheios de lágrimas partiram meu coração. Ela caminhou em minha direção e pousou a cabeça em meu peito.

Não se apaixone por mimOnde histórias criam vida. Descubra agora