A Espera

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A espera nos faz enlouquecer
Não tem pena, é cruel.
Desliza-nos sobre o mar da esperança,
Afoga-nos nas águas da desesperança...

A espera é simples, nos faz esperar.
Pra quê mais?
Nós é que somos complicados,
E esperamos, impacientes,
Na despensa, geladeira, no correio,
Em todos os lugares de onde não vem
Qualquer coisa tão esperada...

Esperando, ficamos ansiosos,
E o tempo se ri de nós.
Ficamos a nos perguntar
Se, como e quando virá.

Nos descobrimos a ensaiar
Ora modos de encurtar a espera,
Ora meios de reagir ao fim da espera...

A espera é um clamor de nossas vísceras,
Que em alvoroço fazem balbúrdia.
Não sabemos sequer se algo virá,
Não sabemos o passo seguinte se vier,
Não sabemos como sobreviver, se não...

A espera é um bom remédio,
Se em pequenas doses.
Dá-nos pimenta na vida,
Dá-nos vida na expectativa.

Mas às vezes ultrapassa os limites,
E não há coração que suporte a espera.
E pomo-nos a procurar qualquer coisa,
Uma ponta de esperança,
Só para alimentar a certeza
De que esperarmos tanto não é sem razão...

E a espera se alonga, se estende.
Toma páginas inteiras de livros,
Toma-as como uma longa prosa
Transcrita em versos só para cansar...

A espera se prolonga,
Mais do que parecemos suportar,
Queremos tanto o fim da espera,
Que eu sinceramente duvido
Você não tenha se sentido tentado
Ao fim destes versos se antecipar...

Pablo de Araújo Gomes, Julho de 2007

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