David sentou-se à mesa e começou a comer também. Enquanto conversávamos sobre tudo o que aconteceu enquanto ele esteve fora, seus olhos não saiam dos meus, ou da minha boca. Eu estava na mesma situação que ele. Meus olhos percorriam todo o seu rosto. Minha vontade era sentar em seu colo e dizer que eu também senti saudade, dizer que eu entendia o que ele estava sentindo.

Se Natie fizesse o mínimo de esforço ela poderia perceber a tensão entre nós dois naquela mesa, mas ela estava muito empolgada falando sobre mil e uma coisas ao mesmo tempo. A animação de Natie às sete da manhã de uma segunda-feira era invejável.

A conversa foi ficando animada e o café da manhã acabou se estendendo por mais tempo do que tínhamos. Natalie começou a surtar ao ver que iríamos nos atrasar. Eu ria de sua expressão assustada.

– Calma, Natie. – Sorri. – A gente só precisa se arrumar!

– Liv, você me conhece desde sempre! Eu vou demorar demais.

– Vamos fazer o seguinte: você se arruma no seu quarto e eu aqui em baixo. Assim que eu acabar eu subo pra te ajudar, certo? – Natie ficou pensativa digerindo tudo o que eu acabara de falar.

– Bom, então é melhor eu correr. – Ela se levantou da mesa.

Me levantei logo em seguida retirando meu prato e meu copo da mesa, os levando para a cozinha. Karen foi receber David com o sorriso mais acolhedor que eu já tive o prazer de ver. As vezes me perguntava se ela já sabia da minha relação com David. Imagino que sim, mas ela agia tão naturalmente que me deixava na dúvida.

Subi para pegar minhas coisas no quarto de Natie deixando David ainda na mesa, conversando com Karen. Quando desci as escadas ela já havia saído e eu aproveitei para ficar um pouco a sós com ele.

– Senti saudade, amor. – Ele disse quando se levantou para me abraçar.

– Eu também, meu amor. – Beijei sua boca docemente.

– Está ansiosa pra hoje? – Ele perguntou gentilmente.

– Até demais. Mal dormi.

– Tenho certeza de que tudo vai dar certo. – Ele beijou minha testa. – Você já passou pelo mais difícil, que é o primeiro. Agora vá, não vai querer que Natalie surte ainda mais. – Ele riu. O beijei mais uma vez e entrei no banheiro.

Ao abrir o chuveiro percebi a ansiedade crescer em mim. Eu tentava me convencer de que era só o segundo semestre e não tinha motivo para essa ansiedade, mas meu coração acelerou e minhas mãos ficaram geladas. Tomei o banho rezando para que ele levasse embora esse sentimento. Não adiantou. Eu ficava cada vez mais nervosa.

Saí do box literalmente tremendo. É incrível como o físico é inteiramente ligado ao psicológico. Peguei a escova para arrumar meus cabelos úmidos mas as minhas mãos não paravam de tremer.

– Respira, Livia. Não é nada demais. Respira. Nada vai dar errado. Você já superou o primeiro. – Eu repetia para mim mesma, na tentativa de me acalmar.

– Livia? – A voz assustada de David me chamou do outro lado da porta. Imaginei se eu teria falado sozinha alto demais. Merda.

– O-Oi... oi, David. – Gaguejei.

– Está tudo bem? Eu ouvi algumas coisas... – Que merda. – Aconteceu algo?

– NÃO! É... Eu... só estou um pouco nervosa. – Eu estava muito nervosa.

– Posso entrar? – Ele perguntou com voz suave.

Caminhei até a porta sem pensar direito no que estava fazendo. Segurei a maçaneta e a girei, deixando-o entrar. David me observou por alguns segundos e parecendo perceber meu nervosismo andou rápido em minha direção, até que encostou seu  corpo grande em mim e me abraçou.

Não se apaixone por mimWhere stories live. Discover now