Cheiro de Bala

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                               DINAH’S POV

                Pra mim, não há nada é mais chato do que estar em um lugar novo, ter que refazer a rotina, lidar com pessoas novas, provar novos lugares e sentir cheiros diferentes de café. Mas eu estava acostumada com isso, minha mãe mudava de cidade a cada inauguração de filial de seus salões de beleza, eu sempre a acompanhava.

                Era o segundo bimestre do ano e eu precisava tirar notas boas, mesmo que eu fosse transferida em poucos meses, meu maior desejo era deixar aquela vida de viagens, queria me instalar em alguma cidade agitada e poder conhece-la como a palma de minha mão.

                Não importa o quanto conforto eu tinha em minhas casas e apartamentos, viajar por todo o país era muito desgastante. Era um ciclo, eu me mudava, me estabilizava e precisava mudar novamente.

                Em meio a esse turbilhão de coisas eu não tinha tempo pra me apaixonar, eu ficava com vários garotos, eles realmente me adoravam. Mas eu nunca havia tido sentimentos profundos por eles, eu os colecionava, em cada cidade eu deixava um namorado.

                As vezes batia um sentimento ruim, me sentia superficial, sem coração, depois pensava que isso era só uma fase e que todas as garotas da minha idade eram assim, outrora batia em minha mente a ideia de que havia algo de errado comigo.

                Hoje era meu primeiro dia de aula, vesti meu jeans azul claro e uma t-shirt cinza que eu amava, botei o salto mais discreto de minha sapateira e parti pra escola. Dessa vez minha mãe havia me proporcionado o prazer de me matricular em uma escola super próxima de meu novo condomínio, eram apenas vinte minutos de meu portão.

                Andei observando aquelas belas ruas, todos os cafés abriam e várias pessoas tomavam o chocolate ou cafezinho matinal, meu bairro era bem arborizado, os canteiros tinham muitas flores, minhas escola ficava numa grande avenida de duas mãos largas, no meio das duas vias existia um canteiro com flores amarelas e coqueiros.

                O portão da escola era verde escuro, ele já estava aberto e vários alunos já estavam ali fazendo lição, conversando, comendo ou com seus celulares em mão. Era a hora do café na escola, o refeitório estava cheio, cada um com sua tribo.

                Murmúrios altos ecoavam, andei distraída pelo corredor, andando devagar, alguns alunos olhavam parar mim, vi um grupo de meninas me mirando dos pés a cabeça, alguns garotos também me olhavam, eu apenas ignorei e continuei andando, segurando firme meu fichário.

                Até que senti uma pancada no ombro, meu fichário caiu junto com uma menina de cabelos longos e castanhos e de corpo delgado. Ela se virou e me encarou com uma expressão assustada. Todos riram da atrapalhada garota de lacinho.

– Me desculpe. – Disse ela se levantando com dificuldade e recolhendo meu fichário.

– Tudo bem. – Respondi com um pouco de dó da menina, antes que pudesse falar mais alguma coisa ela correu das risadas que todos davam no corredor.

 Ela usava um perfume doce, era cheiro de bala.

Always Be My BabyDove le storie prendono vita. Scoprilo ora