Prólogo

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 Bah está sentado em sua cama, uma caixa de sapatos aberta à sua frente.

Curioso, o jovem abre a caixa, e fica surpreendido com o que vê.

Todo feliz, ele tira vários papéis de dentro da caixa. São papéis importantes. O primeiro da pilha é um desenho que ele havia feito quando tinha 8 anos. É uma onça pintada toda deformada. O segundo da pilha também é um desenho, desta vez de um urso panda. Até que este ficou bonitinho, pensou Bah ao ver o desenho. A emoção de ver aqueles desenhos está só crescendo no peito de Bah. O jovem junta todos os desenhos e cuidadosamente os coloca de volta na caixa.

Mas neste momento, ele percebe que existe mais um papel dentro da caixa, um bem pequeninho. Ele pega o papel e desdobra-o. Quando ele vê o que tem no papel, seus olhos se arregalam e em seguida se enchem de água.

Este é mais um desenho, só que não um desenho qualquer como os outros. É o desenho mais importante de sua vida.

Nele aparece Bah, ainda um garotinho, de mãos dadas com outro garotinho. Bah se lembra bem desse garotinho. É Saint, seu melhor amigo de infância. Faz muito tempo que ambos não se veêm.

Saint se mudara para a casa ao lado da de Bah e foi assim que eles se conheceram.

Naquele dia, estava chovendo muito forte. Bah estava observando a mudança da nova família pela janela de seu quarto. Para ele era inacreditável a força de vontade daquela família. Mesmo debaixo daquela tempestuosa tarde de sábado, todos se ajudavam mutualmente. Chegou a escorrer uma lágrima pelo rosto de Bah enquanto o mesmo via a cena.

Mais tarde naquele mesmo dia, quando a chuva já havia parado de cair, Bah saiu de casa e foi até o quintal da casa da nova família para dar as boas vindas. Um jovem magro e bonito viu e abriu a porta.

- O que faz aí, garoto? - gritou.

- Quero dar as boas vindas - respondeu Bah todo envergonhado.

- Então entre. Não fique aí debaixo desse sol.

Bah entrou.

A família toda (isso quer dizer a mãe e o pai do jovem magro) estavam sentados no sofá da sala, e quando viram o rapazinho que entrava pela porta, logo o convidaram a se sentar. De cara Bah gostou daquela família.

- O que faz aqui, garotinho bonito? - perguntou a mulher.

- Vim dar as boas vindas. Vi que vocês acabaram de se mudar.

- Oh, Oh - gargarejou o homem, sorrindo - Você é um garotinho muito bem educado ao meu ver.

Bah corou.

- Onde você mora, garotinho bonito? - perguntou a mãe, parecendo animada.

- Moro aqui do lado.

- Aqui do lado - repetiu ela - Mora com seus pais?

Bah estava todo animado para responder:

- Sim, eu...

Mas percebeu que havia alguma coisa estranha no ar. Olhou para o lado e viu o jovem magro e bonito o encarando. Quando percebeu aquilo, Bah ficou hipnotizado. O rapaz não parava de o encarar!

- Você o quê? - disse a mulher.

Bah balançou a cabeça furiosamente, saindo do transe.

- Ah, desculpe.. Eu queria dizer que.. Sim, eu moro com meus pais.

- Bom garoto - disse o homem, acendendo um cigarro.

Bah gostava do clima daquela família, e, além disso, gostava da forma como era tratado. Nenhuma família da redondeza que ele havia visitado tinha o tratado assim antes. Ele se sentia em casa.

- Me fale mais um pouco de você, garoto bonito.

- Bem, eu...

Percebeu novamente os olhos do jovem magro e bonito o encarando. Aquilo só podia ser uma brincadeira de mau gosto.

- Hahaha, o garoto é tímido, Pit! Não o force demais ou vai deixá-lo deslocado.

- Desculpe, amor! Mas você sabe o quanto gosto conhecer gente nova, principalmente garotos bonitos como este à minha frente.

- Sei, sei..

- Então, garoto bonito.. - continuou Pit - O que mais devo saber sobre você?

- Bem... - Bah pensou no que podia dizer - Eu gosto de desenhar..

- Desenhar? Oh, meu filho SAint também adora desenhar.. Não é, Saint? - disse ela para o jovem magro e bonito.

- É - respondeu ele sem humor, os olhos ainda vidrados em Bah.

Então o nome dele é Saint?, pensou Bah. Um nome tão incomum para uma cidade como a nossa! Até que é legal...

- Então, meu amor.. O que você gosta de desenhar? - perguntou Pit com seu bom humor.

- Bem, eu desenho de tudo.. Cavalos, onças, ursos...

- Oh, que legal, filho - disse o pai que em algum momento daquela conversa fora chamado de Pha.

- Saint também gosta de desenhar essas coisas.. Só que ele usa o realismo ao seu favor.

Bah olhou para Saint. Via uma grande aura naquele garoto magro e bonito, só que não sabia descrevê-la. Sabia que o jovem estava pensando em alguma coisa macabra, mas nem tentou adivinhar o quê.

Bah saiu de outro transe, e percebendo que ficara mais do que deveria naquela casa, disse que precisava ir embora.

- Mas já? Você nem comeu nada - disse Pit.

- Fique mais um pouco garotão - falou o pai.

- Desculpe, mas preciso mesmo ir - respondeu Bah, se apressando a sair dali.

- Tudo bem então... Vá com cuidado.

- Tá.

Bah caminhou até a porta, abriu-a e saiu para o jardim. Talvez fosse a primeira e a última vez que ele entrara naquela casa.

E agora aqui está Bah, vendo um desenho antigo e relembrando de momentos estranhos que ocorreram entre ele e Saint. Não sabia dizer para onde Saint poderia ter ido... Talvez para o Japão.. Ou talvez para alguma cidade pequena da Ásia.. Fosse o que fosse, Bah queria vê-lo novamente, e mal esperarava para isso acontecer de novo.



Freedom - Um amor antigo pode renascerDär berättelser lever. Upptäck nu