Capítulo Bônus

609 64 243
                                    

eu sou muito trouxa por não conseguir fazer só um bônus.
*****************

Dez anos depois. Se há dez anos atrás alguém perguntasse como eu estaria a resposta seria:

a) Nenhuma porque eu era tímida;
b) Em outra circunstância, a última coisa que eu falaria seria ter uma família que realmente me amasse.

A última coisa que passava na minha cabeça era ter duas pessoas que me amassem. Duas pessoas que eu sabia que podia correr pro colo depois de ter um dia ruim. Duas pessoas que me apoiariam. Duas pessoas que eu posso contar sobre minhas paixões. Duas pessoas que independentemente do sexo, eu posso chamar de família. Amor.

E por mais que eu sempre quis uma figura, seja ela materna ou partena, pra falar sobre um amor, hoje eu tenho. E não consigo falar.

Não é pelo medo de ser rejeitada por quem só me amou durante meus quinze anos, mesmo perdendo cinco, pelo contrário. É medo da reação dos outros.

LGBTQ+

Primeira letra. Lésbica.

Em todos meus fodidos quinze anos, nunca um garoto mexeu comigo antes. Nunca um coração acelerado, borboletas no estômago, paixão.

Nunca um garoto causou um mesmo efeito em mim do que uma garota causa mesmo sem fazer absolutamente nada.

Eu sequer já beijei um garoto, mas de uma coisa tenho certeza. Nada, no mundo, se compara a sensação do gosto do pecado do beijo de uma garota. Nada se compara aos toques, a sensação, ao corpo feminino.

Nada chega aos pés de uma garota.

Sadie Sink. A garota que nos últimos meses não sai da minha cabeça, a garota que me faz perder horas admirando-a. A garota na qual é minha atual paixão adolescente. E eu não sei sequer a sexualidade dela.

Minha vida é tão fodida.

E quando eu falo fodida vida, não pense que minha vida é uma bosta, porque não é. É simplesmente ótima, só eu que sou confusa.

Fui adotada aos cinco anos por um casal de homens que desde sempre me ensinaram que toda forma de amor é válida. Dois homens que se amam e me amam incondicionalmente. As melhores pessoas desse mundo. Meu nome é Millie Bobby Grazer-Schnapp.

A história dos meus pais é estranha e até hoje não entendo o motivo de Jack ter dito sim para um estranho. Hoje ele é o mesmo que fala que não posso confiar em quem não conheço.

Enfim. Eles se conheceram em um bar onde Noah cantava. Jack sempre ia lá, mas um dia foi diferente. Com dor de corno, ele simplesmente aceitou uma aposta de Noah, e estão aqui até hoje.

Ew. Clichês.

Por mais que eu brinque o máximo, eu admiro a história dos dois. Mesmo Jack sendo totalmente imprudente — acredite, ele me chama assim, mesmo tendo feito mil vezes piores, chumbo trocado não dói —, é óbvio o quanto os dois se amam. Jack, com seus trinta e sete anos, e Noah, com trinta e seis, são as melhores pessoas que eu poderia ter como pais.

A minha meta é ter um relacionamento igual o deles. Alguém que me ame e que esse amor seja transmitido apenas no olhar, gestos, e como fale de mim.

Meus pais são meus heróis, meu porto seguro, minha meta. Eles simplesmente são meu tudo.

Vou até a cozinha, encontrando os dois conversando animadamente. Hoje é o dia. Tomei coragem por muito tempo, e de hoje não passa. Eu me assumiria pros meus pais.

Smile| JoahNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ