Capítulo 1 | Astúcia

Start from the beginning
                                    

- Boa Tarde, Marya. Pontual como sempre! - diz a senhora Sanderson.

- Esta lojinha é o coração do meu pai. Devo tudo a ele, inclusive a pontualidade. - dá um sorriso. - Como estão, garotas? - pergunta enquanto faz a leitura das compras com o leitor de códigos de barra.

- Bem. - digo, simpática. - Ah, Marya?

- Sim?

- Quem é o rapaz alto que acaba de entrar na loja? - aceno levemente com a cabeça. - Olhos verdes, bem vestido...

- Um garanhão, não é? - sussurra em um sorriso, piscando o olho. - Ele deve ser novo no bairro. Nunca o vi por aqui antes e olhe lá que trabalho aqui todos os dias, sem faltar um dia sequer.

- Não me parece um bom garoto.

- Como não, senhora Sanderson? - responde, frustrada. - Aparenta ter grana! É um homem bem sério, ao meu ver.

- Certo, Marya! - digo sorrindo, vendo a paixonite que ela criou no rapaz. - Dê-me as compras. Já sei que está caidinha por ele!

- Vou pedí-lo que me passe seu número de telefone. - sussurra.

- Vá à merda! - digo, ainda rindo.

Depois de pagarmos pelas compras, aceno de despedida para Marya e vejo o rapaz misterioso indo até o caixa.

- Tome cuidado! - sussurro, quase inaudível, para só ela entender e, de volta, ela me responde com uma piscada.

Saio da lojinha e vou acompanhando a senhora Sanderson pelas ruas de Liverpool.

- Menina?

Caminho ao lado da senhora, enquanto sua mão está apoiada no meu ombro.

- Sim?

- Quem era o rapaz dos olhos verdes, menina? - fala inocente.

No mesmo instante, paro de andar. Viro o meu olhar para encarar o rosto da senhora completamente normal.

- Olhos verdes, senhora Sanderson? - digo, ainda confusa.

Como ela sabe?

- Sim, menina! - ela franze a testa. - Ele tinha olhos verdes. - dá uma pausa, ela parece tentar imaginar alguma coisa. - Olhos verdes tão profundos e misteriosos quanto o que há dentro dele. - respondia calma.

- A astúcia lhe mostrou isso? - pergunto.

- Sim, menina. - vira o rosto para a direção da lojinha. - Não é um rapaz do bem.

Fico em silêncio e continuo caminhando ao lado da minha vizinha. Desta vez, mudo de assunto. Conversar sobre qualquer coisa com a Alice sempre rende algum assunto, ela sempre diz coisas sábias.

Dez minutos era o suficiente para encontrar a minha casa e a casa da senhora Sanderson, logo ao lado da minha.
De longe, vejo o meu pai cuidando de Viúvas Negras no jardim de casa. O balanço na varanda fazia um barulho enquanto o vento agia, balançando-o.

- Boa Tarde, pai! - ele sorri ao me ver.

- Anjinho! - sorri de volta. - Você demorou. - vira o pescoço para ver a nossa vizinha. - Boa Tarde, senhora Sanderson.

Stockholm ⇋ h.s Where stories live. Discover now