Não diga meu sobrenome!

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Dezessete Anos Depois

Chloe pegou a caneca fumegante de café subindo os degraus de volta ao segundo andar a onde ficavam os quartos, a ruiva respirou fundo se preparando para a batalha que tinha que enfrentar, abriu a porta do quarto do meio devagar, as cortinas estavam fechadas e o corpo na cama escondido por lençóis, ela sorriu divertida, puxou as cortinas de uma vez, ouvindo o grunhido da cama.

- Está na hora de acordar filho!

O menino gemeu irritado se escondendo com o cobertor.

- Vai perder o ônibus da escola!

O rapaz finalmente levantou o rosto, os cabelos escuros amassados e os olhos semicerrados.

- Eu tô doente . . .

Chloe se irritava com isso todas as manhãs, Kyle era um eterno preguiçoso, o garoto podia ficar acordado até as seis da manhã com um enorme sorriso no rosto, mas tinha problemas sérios para acordar as sete, a ruiva não sabia de onde ele tinha herdado esse costume diurno, já que tanto ela quanto o pai eram pessoas matinais por natureza, Chloe entregou a caneca de café para o garoto.

- Bebe logo seu café e se arruma, não vou te deixar na escola de novo!

Ele assentiu com o semblante fechado, não era gente antes de tomar um café bem forte, ele nem mesmo gostava de conversar antes do banho, a ruiva voltou a descer as escadas, Christian lia o jornal distraído na mesa do café, ele sorriu para a esposa, os cabelos escuros como os do filho estavam bem alinhados.

- O reclamão já levantou?

Chloe suspirou se sentando para saborear suas torradas.

- Do mesmo jeito de sempre, ele parece mais ranzinza a cada dia, nunca vi um adolescente acordar como um velho de sessenta anos!

A torrada que levava a boca interrompeu seu percurso ao notar o que tinha dito, não, esse não era o primeiro adolescente que via ter esse tipo de comportamento, seu peito apertou e acabou deixando a comida de lado, não tinha por que pensar naquela pequena gremlin que não via a anos, Christian ergueu a sobrancelha curioso.

- No que está pensando?

Ela negou devagar saindo da mesa, precisava pegar as pastas para levar ao trabalho, teria mais um dia corrido hoje, tinha um dos maiores centros de cuidados dos animais de Atlanta, depois de terminar a faculdade de medicina veterinária tinha se empenhado o dobro para conseguir abrir sua própria clínica, Kyle desceu as escadas correndo, a touca do moletom escuro estava puxado sobre a cabeça, os óculos escuros impediam a vista dos olhos claros como os de Chloe, ele passou direto em direção a cozinha, a ruiva sorriu minimamente, amava o filho acima de tudo, mas não imaginaria nem em seus sonhos mais loucos, que um erro mínimo como havia sido perder a virgindade sem entender dos modos contraceptivos pudesse ter uma consequência dessa, sua mente viajou além, no dia que descobriu que estava grávida, uma semana após sua melhor amiga e namorada ter ido para o Canadá, o terror que foi contar aos pais, as palavras duras que eles lhe disseram, teve que aceitar o pedido de retorno de Christian, se casar com o rapaz para assumirem o filho, depois disso, deixou de enviar mensagens para Beca, a morena ainda a chamou por dias, mandou mensagens e ligava constantemente, ela não entendia, mas um dia, ela também desistiu, Chloe suspirou irritada, isso já fazia quase duas décadas e ainda a afetava de uma maneira inexplicável, nunca tinha deixado de amar a baixinha, a ruiva colocou a bolsa sobre o ombro e amontoou as pastas para levá-las ao carro, nem mesmo terminou de guardar as coisas, Kyle passou correndo por ela, o garoto beijou seu rosto depressa indo para o ônibus escolar estacionado em frente à casa, tinham sorte de ter uma casa tão bem localizada.

Por Nossos FilhosWhere stories live. Discover now