- Trouxe a pipoca? - Loren alisou seus fios desarrumados, parecendo um pouco sem jeito e falhando miseravelmente ao tentar disfarçar.

- Não... - murmurou sua filha, prendendo um riso ao perceber o que havia rolado em sua ausência. Seu pai nem ousava lhe encarar. Era como se os papéis estivessem invertidos, ela se sentia uma adulta dando um flagrante em dois adolescentes com hormônios a flor da pele. - Na verdade, eu e Mery temos que ir visitar Rebeka. - adiantou sua mentira, ainda tentando entender o que quase havia visto. - Ela machucou o tornozelo e queremos saber se está tudo bem.

- Claro. - sua mãe abriu um sorriso nervoso, ainda frustrada pela situação. Ambos fingiam que não havia acontecido nada, mas Lydia sabia que a poucos segundos antes dela entrar, eles provavelmente trocavam salivas. O que não era para ser estranho, pois já tinham até mesmo filhas juntos. Mas Loren e Léo estavam separados a anos, e não pretendiam voltar. Pelo menos, não antigamente.... - Me avise se ela precisar de algo, tudo bem?

- Uhuum... - murmurou ainda os fitando, aquela era uma situação rara na qual os via constrangidos, e ela gostou de vê-los ficar sem jeito. Era engraçado, já que eles eram os responsáveis ali. Poderia ficar ali por horas, mas ainda precisava dar cobertura para sua irmã mais velha, então, prendendo o riso, se despediu e partiu rumo ao desconhecido.

Pensou em suas opções, mas não havia muitos lugares para onde pudesse ir. Pretendia visitar Luce e saber como a garota estava após o dia desagradável na escola, mas quando sentiu o cheiro salgado da água, mudou seus planos e resolveu ficar por ali mesmo. A praia estava deserta e se fosse para próximo do mar, seus pais não poderiam lhe avistar de dentro da casa. Quando se deu conta, já estava diante das ondas, o som leve que as mesmas faziam lhe despertava certa calmaria. Sempre gostará do mar, imaginava que o fato de ser uma sereia, estava ligado a isso. Pois, pela teoria de Luce, elas haviam nascido com caudas.

Lydia suspirou, inspirado o ar para dentro e sentindo a brisa balancear seus cabelos. Não estava sendo fácil se adaptar a sua nova vida, mas ela sabia que ser uma sereia, era parte dela. Não havia como negar quem era. A conexão com a água era inevitável, era preciso somente se aproximar do mar para sentir uma necessidade absoluta de estar dentro dele, movendo sua cauda com graciosidade. Se aproximou, indo de encontro para a superfície, mas se obrigou a parar quando ouviu gargalhadas escandalosos a suas costas. Quando olhou para trás, sentiu-se preocupada com a sua segurança, pois aos tropeços, vinham três homens bêbados. Um deles trazia a garrafa de cachaça quase vazia em sua mão trêmula. Algo lhe dizia que ela precisava sair dali. Não demorou muito tempo para eles perceberem sua presença e aproximarem-se mais.

- Aonde vai, gracinha? - quis saber o que aparentava ser mais velho, ele e seus companheiros cheirando a álcool já haviam cercado a pobre garota. O corpo de Lydia gelou por completo quando ela se viu no meio dos três, que lhe observavam de cima a baixo, com olhares maliciosos e cheios de segundas intenções.

- Para casa. - rosnou, não querendo se intimidar. Ela sabia que perversidades os homens traziam em suas mentes. Eles não haviam impedindo sua passagem atoa.

- Não tão depressa, gatinha. - um deles, o que parecia o mais forte, lhe puxou pela cintura e sussurrou no ouvido da garota, com seu hálito quente e fedido invadindo as narinas dela.

Lydia entrou em desespero e se debateu para afastar-se dele. Mas não dava para fazer muita coisa, já que o homem era duas vezes o seu tamanho. Sendo assim, pisou com força no pé do bêbado, que gritou de dor e saiu mancando enquanto os outros dois tentavam captura-la. A garota reconheceu que não poderia voltar para casa, pois teria que passar por eles e seria uma tarefa impossível. Sua única opção fora correr sem rumo pela areia deserta.

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