Não se apaixone por mim

DEZESSETE

– SIM! Sim... É por isso que eu estou pensando em algo para selar nosso compromisso.

– Como um jantar?

– Sim, exatamente.

– Você já falou com ela? Se ela concordar vocês marcam o dia.

– Falarei com ela hoje mesmo, saindo daqui.

– Certo. – Estendi minha mão para ele. – Faço muito gosto do namoro de vocês, sempre te achei um rapaz esforçado e inteligente. Mas se ela se machucar você terá um inimigo. – Disse enquanto apertávamos as mãos. Pude ver Bryan engolir a seco. Eu ri internamente.

– Jamais, David. Eu realmente gosto dela.

– Isso é ótimo! Então fale com ela para marcar esse jantar. – Disse rindo e saindo pela porta para almoçar.

Voltei para meu escritório mais aliviado. Me despojei na cadeira acolchoada da minha mesa enorme e comecei a trabalhar visando sair o mais cedo possível para descansar. Hoje realmente tinha sido um dia de cão.

Livia Mitchell

As provas finais se aproximavam e eu estava enfurnada no quarto estudando desde que cheguei. O primeiro semestre passou num piscar de olhos. Um alívio me batia por saber que aquela parte fora concluída, mas um leve frio na barriga me perseguia quando pensava sobre os próximos semestres. Será que dessa vez eu vou conseguir ir até o fim?

Eu sempre quis fazer jornalismo e estudei muito pra isso, mas quando entrei, antes da minha temporada em Portugal, me senti totalmente despreparada. Minha mãe me apoiou muito quando decidi trancar o curso e isso me deu a força que eu precisava.

A oportunidade surgiu na hora certa, eu estava meio mal por ter desistido do que eu achava ser certo, apenas por não achar que era o momento ideal. Encarei algumas horas de viagem no avião, sozinha, rumo a um destino que era desconhecido por mim.

Ficar três anos em outro país foi um desafio incrível, me me mudou e me mostrou que tudo tem o momento certo de acontecer, e que se algo aconteceu de um certo jeito esse era o único jeito que poderia ter acontecido.

Voltei já decidida a reabrir a minha matrícula. Já havia conversado com Natie, que alguns meses antes tinha entrado pra mesma faculdade.

Ela sempre quis fazer Mídias Sociais e eu sempre achei que combinava muito. Natie também sempre foi muito esforçada, e o jeito como ela conciliava vida social e estudos me encantava. Ela sempre estava presente pra quem precisasse dela, especialmente pra mim, e ainda assim batia suas metas incrivelmente bem.

Eu estava estudando mais um pouco antes que ela chegasse para ficarmos de bobeira. Bryan só chegaria à noite então teríamos tempo só para nós. Pensei em talvez assistirmos um filme.

Me voltei para os artigos à minha frente a fim de estudar mais um pouco. O tempo passou rápido e umas duas horas depois Natie chegou. Minha mãe estava na sala e a recebeu. Arrumei meus materiais e os guardei. Ela já me gritava quando eu desci.

– Natie eu estou aqui! – Disse rindo.

– Trouxe doces pra gente! – Em suas mãos havia uma sacola enorme e eu agradeci por não ser diabética, embora provavelmente ficasse após comer tudo aquilo.

– Tá faltando salgado aí... – Disse caminhando até a despensa e pegando dois pacotes de batata frita. – Agora sim!

– O que é isso? Kit apocalíptico de sobrevivência? – Minha mãe brincou olhando o tanto de comida industrializada em nossa mão. Ela sempre seguiu uma dieta mais natural. Eu até já tentei, mas não deu muito certo.