Cul/pa;

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Pode parecer fora de época e antiquado, mas há muito tempo eu sempre achei o Underground extremamente lindo e enfeitado, quando a semana seguinte era o motivo de comemorar o Natal. No fundo de minha consciência consigo recordar que Snowdin se encontrava mais linda do que nunca, assim como Hotland ficava maravilhosa com as diversas luzes brilhantes e os letreiros chamativos.

– Suspiro –


As "Ruins" constatava o tema natalino padrão, pois faltava uma diversidade ali: Luzes... Neves falsas, um pinheiro artificial. O mais importante eram os presentes decorados com amor e carinho, que davam um charme irresistível, se ocorro bem, ao chão violáceo. Ingenuamente imaginava que apesar do lilás ser uma cor quente e a neve algo frio, um arremate plausível havia ali.

Rememoro de nós dois, eu e Chara... Vestindo novos suéteres recém-costurados e lavados, correndo e brincando o dia inteiro. Chistosamente, a estampa da minha roupa era uma flor dourada. Um botão de ouro. E de Chara? Hum... Não quero lembrar isso. Eu estava morrendo de ansiedade para a semana do Natal! Não era em um sentido ruim.

Aqueles cabelos marrons, moldados em um corte Chanel de bico jamais sairão da minha mente. As bochechas tomadas pelo tom róseo ainda estão vivas no fundo do meu peito. Como posso descrevê-lo, se tampouco o conhecia? Certo... Chara era um humano, que havia caído há décadas no Underground. Sua personalidade nunca teve muito que falar: Havia indiferença e distância... Reentrante nas minhas memórias, tinha sentido que ele melhorou, quando se costumou conosco.

Apesar do que os humanos fizeram com nós, a presença de Chara ali era sinal de esperança... Pois, uma lenda nossa aos poucos era confirmada: Ele só podia ser o Anjo que viu a Superfície!

Contudo, eu não tinha tempo para pensar naquilo. Não naquele momento. Era Natal. Dizia para mim mesmo que sempre será um estágio para ficarmos felizes e deixar o espírito natalino invadir nosso corpo. Tempos de deixar o mal de lado, dando espaço para o amor e perdão.


"Tolice, Asriel...", agora pronuncio para mim mesmo. E lamento em dizer-lhe, que algo ruim aconteceu durante minha infância. É isso que me tornou tão amargurado.


Chara, meu irmão adotado, havia adoecido sisudamente de feitio subitâneo. Não recordo de quantos anos tínhamos naquele tempo, mas esse fato caiu nas minhas costas como uma faca. E de inserção: Passei a me sentir culpado por aquilo. Eu sabia que a culpa não era minha, mas... Sempre questionei por qual motivo eu sentia que tinha que ser.

Imediatamente ele fora posto de cama... Minha mãe ficou desesperada quando aquilo havia acontecido. Para nós monstros, sempre é uma surpresa doenças surgirem tão repentinamente. A menos que...

"Não, não quero pensar nisso...", busquei evitar o máximo que podia esses sentimentos e teses negativas. Siga minha teoria: Era Natal. Tudo iria se resolver normalmente, pois o espírito natalino iria resguardá-lo.

Papai estava desolado e confuso... Até hoje, não sei como descrevê-lo. Posso usar a sentença: Tentava ao máximo resistir e manter-se firme, pois era o rei do Underground. No entanto, eu já sabia como ele se sentia. Chara também tinha conhecimento disso.

– Suspiro profundo –


Eu escutava minha mãe chorando, principalmente quando não estávamos por perto. Aquilo sempre partia meu coração. Os soluços se propagavam em multidão durante a noite... Todos aqueles lamentos perpetuamente eram o motivo de minha preocupação e receio. E a culpa ia aumentando...

The fault is mineWhere stories live. Discover now